Na primeira semana em que eu, Júlia, estive na faculdade de jornalismo, ouvi de muitos professores que deveríamos cortar o mal pela raíz e aceitar que jornalistas não mudam o mundo. Nós concordamos com isso, jornalistas não mudam o mundo. Pelo menos não sozinhos. Jornalistas, arquitetos, administradores, diretores, professores, vendedores, merendeiras, contadores, garis? todos podem e devem mudar o mundo em que vivem de sua maneira. Seu mundo pode ser a sua casa, a sua rua ou a sua cidade. O fato é que pequenos atos, gestos muitos simples, podem sim trazer mudanças. Muitos de nós têm em mente que "mudar o mundo" requer algo de grande impacto, uma ideia genial que ninguém teve até agora, algo que realmente o mude de uma hora para a outra. E, muitas vezes, este não é o nosso objetivo de vida - temos nossas contas para pagar e nossa própria vida para cuidar, certo? Na verdade, como toda e qualquer mudança, este ato gigantesco que não cabe somente a uma pessoa começa aos poucos, com pequenas ações, gentilezas, gestos de empatia para com o próximo e de cuidado com o nosso mundo, ações de CIDADANIA.  Mas então, eu sou cidadão? De 2 em 2 anos exerço meu direito e dever de ir às urnas eleger uma nova pessoa para administrar e planejar minha cidade, meu estado e meu país. Aí é que está, cidadania vai muito além do voto. Ou você acha que as únicas pessoas que têm deveres com a cidade são os gestores públicos? 

 

Todos os cidadãos podem e devem contribuir para que nossa cidade seja um lugar mais humano, acolhedor, criativo, artístico, enfim, um lugar mais bonito e com mais qualidade de vida. Seja ativo no processo de transformação da cidade, não espere que o vereador ou que o prefeito atendam todas as suas necessidades - é ilusão acreditar que isso vá acontecer. 

 

É possível ver por todo o globo pessoas que exercem sua cidadania ao intervir diretamente na cidade. Não estamos falando apenas de intervenções urbanas (assunto que iremos abordar em outra coluna), mas também de ações em prol das pessoas - como a criação de uma horta ou biblioteca comunitárias - e da importante participação de moradores nos conselhos municipais para que suas necessidades sejam ouvidas e atendidas. Observe o seu mundo, as ruas por onde você passa para trabalhar. Quando você percebe o ambiente que te cerca, é fácil detectar os problemas, mas por que não buscar soluções?

 

Se a área de lazer da sua rua está abandonada, por que você não reúne os vizinhos para dar uma nova cara ao local? Se todos dedicarem uma manhã para reformar a área, já terão trabalhado o suficiente para mudar a rotina das crianças, melhorar o mundo delas, e até para criar um novo espaço de convivência para os adultos. Se você acredita que o que falta é leitura, reúna as pessoas da sua rua para uma roda de conversa, em que cada um conta que livro mais marcou sua vida. Você não vai precisar de nada além de cadeiras e de poucas horas de sua semana e, apesar de não ter transformado a estrutura física da sua cidade, fez com que a rua se tornasse um ponto de encontro e ainda conseguiu estreitar os laços entre os vizinhos. Não é apenas a infraestrutura das cidades que precisa ser mais democrática, acolhendo pedestres e ciclistas em segurança, tendo espaços públicos de qualidade. Para tornar as nossas cidades mais humanas, precisamos resgatar o convívio nas ruas como acontecia antigamente (e de que todos parecem lembrar com saudade), estreitar os laços entre os moradores e fazer com que todos reconheçam o espaço do outro no ambiente urbano. Afinal, "a cidade é o jardim da nossa casa".

 

 

São muitos os sites que divulgam estas pequenas ações cotidianas que podem transformar a vida em comunidade - entre os outros muitos assuntos que abordam. Abaixo, para acompanhar, deixamos a sugestão de alguns. Em toda coluna, traremos indicações de sites, livros, documentários ou perfis em redes sociais que valem a pena ser seguidos.