Prefeitura de Gaspar admite colapso no sistema de saúde e pede a compreensão da população
18/01/2022 00:39
Com mais 400 novos positivados, o número de pessoas com vírus ativo passou de mil no município
data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Em live, no começo da noite desta segunda-feira (17), o prefeito de Gaspar, Kleber Wan-Dall e equipe admitiram que a situação da Covid-19 se agravou nos últimos dias no município, com um grande número de pessoas positivadas. Por conta disso, o sistema de saúde pública, segundo ele, entrou em colapso. A alta demanda por atendimento no Centro de Triagem também gerou outro problema: a falta de testes para detectar o vírus da Covid-19. De acordo com o prefeito, o estoque é para, no máximo, uma semana e o produto está em falta no mercado. A live teve, ainda, a participação da Secretária de Saúde, Silvania Janoelo, do enfermeiro Arnaldo Munhoz e do médico infectologista, Ricardo Freitas. O prefeito afirmou que essa nova onda de covid-19 é consequência das festas de fim de ano. "Estávamos todos agoniados para reencontrar amigos e familiares e acabou dando essa nova onda de contágio do coronavírus". Wan-Dall apresentou números para mostrar que a atual cenário pandêmico é diferente de outros momentos críticos, como em março de 2021, quando a pandemia atingiu o pico. Naquela ocasião, comparou o prefeito, "havia 651 casos ativos de coronavírus no município, sendo 18 internados, ou seja, uma internação para cada 36 contaminados, hoje, nós ultrapassamos mil casos ativos e apenas uma internação, e essa internação é de uma paciente que passou por cirurgia e depois se verificou que estava positivada para Covid-19", explicou o prefeito". Wan-Dall disse que o desafio atual da pandemia é o Centro de Triagem, as unidades de saúde e o pronto atendimento do hospital de Gaspar. Os três entraram em colapso nos últimos dias. "Há um contágio desenfreado", avaliou o prefeito. Ele revelou que o Centro de Triagem já foi ampliado e uma nova ampliação está acontecendo para que, nesta terça-feira, tanto a parte estrutural quanto de pessoal possam atender melhor a população. O prefeito admitiu outro problema que é o contágio de vários profissionais de saúde que precisaram ser afastados. "A prefeitura está com dificuldade de contratar novos profissionais porque todas as cidades da região estão precisando".
O médico infectologista, Ricardo Freitas, chamou atenção para a desinformação e as fake news, que provocam o caos na saúde. Segundo ele, o cenário da pandemia é completamente diferente do já vivenciado nos últimos dois anos. "Hoje, o que estamos vivendo é a variante Ômicron, que veio da África do Sul e se disseminou rapidamente pelo mundo, chegando até aqui por meio das viagens, passeios e confraternizações de final de ano", observou. Freitas esclareceu que a nova variante tem um elevado grau de transmissibilidade. "Se numa sala estiver uma pessoa contaminada, certamente todas as demais serão contaminadas com a variante Ômicron. A gente viu, por exemplo, 600 mil pessoas na orla da praia de Balneário Camboriú na virada do ano, certamente 30% destas pessoas, ou seja, 200 mil, foram contaminadas. Muitas dessas pessoas retornaram para suas casas em cidades da região e certamente transmitiram para seus familiares", afirmou o médico.
A vantagem, segundo ele, é que a nova variante tem mortalidade muito baixa, que não chega a 1%, enquanto a anterior era de 4%". Além disso, Freitas lembrou que existe um percentual muito grande de pessoas vacinadas, o que acaba tornando a variante ainda menos agressiva. Freitas explicou que esse tipo de onda tem duração de até 60 dias para que haja redução gradual do número de casos. Portanto, ele prevê que nos próximos 15 dias ainda haverá um crescimento muito grande no número de infectados, e somente no final de fevereiro, prevê o médico, a situação tende a se normalizar. Ele também acredita que essa possa ser a última onda da Covid-19, praticamente o fim da pandemia em função do grande número de pessoas que estão se contaminando e o fato da maioria da população estar vacinada. "Se alguém ainda tem dúvida se a vacina de fato funciona tá aí um bom momento para se vacinar", alertou o infectologista. Ele contou que existem estudos que apontam que para 14 mil pessoas vacinadas uma apenas poderá contrair o vírus e morrer. E para o grupo dos não vacinados é uma em cada 200, ou seja, o risco é muito maior de óbito. Freitas também reforçou que nenhuma vacina imuniza 100%, mas reduz significativamente a taxa de letalidade. O médico lembrou que somos seres humanos e temos limitações de tempo. "Se mil pessoas forem ao hospital numa tarde, não temos condições de atender a todos, assim como duas mil no Centro de Triagem. É preciso eleger prioridades, os casos mais graves e pessoas dos grupos de risco, as demais vão ter que aguardar por mais tempo", ponderou.
A secretária de saúde, Silvania Janoelo, revelou que houve um aumento de mais 600% de procura por atendimento no Centro de Triagem, mais de 300% de novos casos de Covid-19 e em torno de 400% de busca por atendimento médico. Ela confirmou que o Centro de Triagem vai passar por uma nova ampliação, para que a partir desta terça-feira possa agilizar o atendimento. Ela admitiu dificuldade para comprar mais testes de Covid-19. "As empresas estão com dificuldade para a entrega". complementou.
O enfermeiro Arnaldo Munhoz afirmou que o momento é crítico, embora poucas internações e nenhum óbito nos últimos dias. Ele, porém, admitiu que o sistema de saúde do município está em colapso, mas que não está faltando empenho da equipe. "A equipe está há dois anos na linha de frente, no Centro de Triagem são mais de 30 profissionais trabalhando. Não é falta de recursos humanos, mas demanda alta. A gente pede a compreensão de todos, as pessoas que estão ali são seres humanos e não estão negando atendimento. É muita gente, o que faz o tempo de espera aumentar", justificou. Ele também pede que as pessoas somente procurem o Centro de Triagem se de fato estiverem com os sintomas da Covid-19. "Temos observado muitas pessoas sem os sintomas, mas buscando atendimento, elas estão se expondo ao risco, pois ali é um ambiente de sintomáticos", alertou o enfermeiro. Arnaldo encerrou orientando para que as pessoas positivadas se mantenham em isolamento. "A gente pede responsabilidade nesta hora, assim como para os familiares destas pessoas, pois precisamos quebrar essa corrente de transmissibilidade".