Escrevo esta crônica três dias antes do segundo turno. Arrisco. Que não dê palpite infeliz. Se der zebra, claro que não a enviarei. Farei outra, a contragosto.

O leitor que me acompanha já pensou com seus botões: este colunista virou a casaca de vez. Em seus artigos, aqui na Voz da Razão, revelou-se contra o instituto da reeleição: Sucessão municipal - a atual (21.9.16) e Pelo sim, mais pelo não (21.10.16).
Talvez tenha se lembrado dos escritos Surpresa napoleônica (13.10.12) e Sem Waterloo (21.11.12), ambos publicados no Jornal Metas, em que dizíamos, entusiasmado:
"Ah! As pesquisas eleitorais! Cada vez mais desacreditadas. Teriam que ser infalíveis como a previsão do tempo bolada pelo Millôr Fernandes: "Céu pedrento, chuva, vento ou bom tempo." Um deles tem que dar. Em Blumenau, já se aceitava um segundo turno. E os ibopes da vida davam a Ana Paula Lima uma boa vantagem. Seguida de Jean Kuhlmann, o preferido do prefeito João Paulo Kleinübing. Como terceiro colocado figurava Napoleão Bernardes que, mesmo com o tucanato local servindo na base administrativa, deu seu grito de guerra porque tinha o direito de concorrer.
E o que deu? Ana Paula ficou fora do páreo e Napoleão superou Jean. Aliás, este pleito lembra a primeira eleição de Décio Lima. Concorriam Wilson Wan-Dall e Dalírio Beber, alfinetando-se dia sim, dia também. Os correligionários de Wan-Dall já comemoravam, semanas antes da votação, com churrascadas e muita cerveja, sua vitória.
O povo cansou-se da exagerada troca de farpas. Décio, num modesto espaço de tevê, ignorou as agressões e conquistou uma vitória extraordinária.    
Muito simpática, Ana não queria discutir. Mas não pôde fazer ouvidos moucos aos ataques constantes de Kuhlmann a seu marido, prefeito por oito anos. Segundo o parlamentar, Blumenau só adquiriu seu novo visual, pleno de realizações com JPK. E acusou Napoleão de ser inexperiente. Na realidade, Napô, em nome de uma renovação mais que necessária, usou um argumento espertíssimo: "Votem em mim porque se o eleito for Jean ou a Ana, a cidade perderá representatividade na Assembleia Legislativa." Ambos são deputados estaduais. E ele, vereador em fim de mandato."
Um vereador derrotou dois deputados? Não está longe a vitória para o Senado Federal de Evelásio Vieira. Ex-prefeito e ex-deputado estadual, Lazinho venceu bem seu opositor Ivo Silveira, ex-governador e ex-deputado federal. Com o apoio (quase certo) dos petistas, Napoleão não terá o seu Waterloo." O verbete Waterloo significa" povoado da Bélgica (Brabante) que deu seu nome à batalha, em que Napoleão I foi esmagado pelos exércitos reunidos dos ingleses e prussianos, em 18 de junho de 1815; 4:00h.". Se Jean Khulmann não ganhar, parece que lhe foi imposta a sina do eterno deputado Aldo Pereira de Andrade. Quase ganhou o Guinness de reeleição ao mesmo cargo na Assembleia, mas seu sonho de governar Blumenau nunca foi alcançado. O povo o queria lá, em Floripa, representando-o como ativo parlamentar. 
Agora, argumentará um leitor mais arguto: porque este modo de proceder do Gervásio Tessaleno Luz?
Explico: foi só pra enticar. Mania de brasileiro. Por incrível que pareça, Tessaleno é nome fictício, não vota. Talvez cravasse no Jean por ser contrário à reeleição. Mas o Gervásio luz, real, pessoa física, votará no Napoleão, ex-aluno por horas, brilhante na oratória, e, no jargão dos desconsolados, "dos males o menor".