É, leitor, a gente tem cada sonho! Realidade fosse, seria uma maravilha. Dia desses, sonhei que o jornal O Estado ressuscitara. Comemoraria seu centenário em 2015. Mas o diário que cobria todo o estado barriga-verde já estava decadente quando o grupo RBS apoderou-se da nossa imprensa. Virou edição semanal e tabloide. O seu diretor-superintendente, José Matusalém Comelli, genro do dono do jornal, Aderbal Ramos da Silva, perguntou ao ex-colaborador (editor de cultura e colunista, Mauro Júlio Amorim), sua opinião sobre O Estado naquela fase. E engoliu essa: - Está ótimo para embrulhar peixe do Mercado Público ou forrar gaiolas! O grupo gaúcho não contente com a fundação do Diário Catarinense, distribuído em todo o nosso território, adquiriu o Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, e A Notícia, de Joinville. Os dois órgãos de comunicação tornaram-se puramente regionais.
Quem esperava a melhora dos ditos 3 jornalões, enganou-se dos pés à cabeça. O grupo NSC (Notícias Sem Conteúdo) piorou depois de administrado por Carlos Sanchez e Lírio Parisotto. Como donos de produtos farmacêuticos, podem entender de remédios, mas de imprensa nadinha.
E o pior - a bomba - estourou semanas atrás. Foram simplesmente fechados o Jornal de Santa Catarina, A Notícia e o Diário Catarinense. Para um leve consolo aos assinantes e leitores dos 3 jornalões, surgiu uma revista de final de semana, que ainda não li nem pretendo fazê-lo.
Como sabiamente dizia o veterano jornalista Carlos de Freitas (gaúcho, que conquistou nome e fama na Folha de S. Paulo - na época Folha da Manhã. Veio para Blumenau onde viria a falecer em 2008): "Os jornais não morrem, são assassinados".
Felizmente - e é uma dádiva de Deus - circulam vários jornais, semanários, bissemanários ou quinzenários (como o Jornal Metas, de Gaspar, 18 anos, do José Roberto Deschamps, agora comandante da Adjori (Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina), A Voz da Razão, 31 anos, do Airton Floriani, respeitado e lido em toda a cidade e o Jornal da Noite, 34 anos, do Alvir Renzi, que atinge também o nosso litoral. Saudosistas que somos, transcreveremos uma parte da orelha do livro Loucos e memoráveis anos (O centenário do jornal O Estado). O autor, ligado a Gaspar, é o professor Hélio Fontes, um dos mais assíduos articulistas do jornal e leitor. Quando O Estado deixou de circular publicou este artigo em um jornal:
"Esse decano da imprensa barriga-verde sempre batalhou pelos legítimos interesses coletivos e sendo avesso ao sensacionalismo malsão antes primou pela sobriedade e equilíbrio que caracterizaram sua longa e benemérita trajetória. Ah, fosse eu um poeta para, em sentida elegia, prantear o inglório fim desse malogrado órgão ilhéu, que se apaga tristemente, silenciosamente, ante a cruel indiferença circundante..."
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