Aqui, no Vale do Itajaí, ao se ouvir o nome Lessa possivelmente vem-nos a lembrança a família criada na cidade colonizada pelos belgas, Ilhota. Mas não é dela que vamos falar. E sim de Ivan Lessa, um dos bons escritores deste Brasil.
Daqui a pouco, transcrevemos opiniões de cobrões de nossa literatura a respeito dele. Tudo colhido no livro, que acabamos de reler: Garotos da fuzarca (Companhia das Letras, 1986, 143 páginas). São 15 histórias, as melhores dele até então.
Não tem aquele dito Filho de peixe, peixinho é? Pois Ivan o é em dose dupla. É filho de Orígenes Lessa, autor do famoso O feijão e o sonho, e de Elsie Lessa, que escrevia uma coluna sobre suas viagens pelo mundo, Globetrotter. Numa delas, visitando Blumenau, registrou a expressão "as doçuras do Toenjes", encantada com a famosa confeitaria da rua XV de Novembro.
Ivan nasceu em São Paulo, cresceu no Rio de Janeiro, mas escolheu Londres para viver com mulher e filha. Foi redator da revista Senhor, do Diário Carioca, Última Hora, da TV. Bateu ponto também na Folha de S. Paulo e na revista Status.
Em 1969, começou a escrever para O Pasquim, onde publicou suas principais histórias, além dos consagrados Gip-Gip Nheco-Nheco (quadrinhos), Diários de Londres, Cartas e Pasquim Novela. Garotos da fuzarca é o seu primeiro livro. Dos seguintes, nunca tivemos conhecimento.
Eis alguns pareceres de nomes expressivos das letras brasileiras:
- Ivan Lessa tem a mais rica imaginação entre os nossos contemporâneos - Paulo Francis
- Um grande escritor - Rubem Fonseca
- Ivan Lessa é o melhor texto de humor do Brasil - Jaguar
- Pobre o país em que um escritor como Ivan Lessa precisa escrever um livro para provar que é o melhor do ramo - Sérgio Augusto
- Um escritor maldito? Sei lá. Uma mente conturbada? Um Gênio do mal? Um auto-exilado? Um exilado alto? Quem sou eu pra dizer - Millôr Fernandes (autor do prefácio)
Opinião final: Ivan Lessa sempre surpreende com a sordidez irreverente de Edélsio Tavares, seu principal personagem cômico; ou os emocionantes contos ambientados no Rio de Janeiro dos anos 40, recuperado pela imaginação melancólica e violenta do autor.
Em outras histórias, ele mostra a mesma inventividade. Faz uma versão de Casa das Bonecas de Ibsen, consegue uma testemunha da tentativa de resgate de reféns americanos no Irã, conta as dificuldades de um embusteiro brasileiro em Lisboa, acompanha as aventuras de Símon Bolívar, enfim, zomba da literatura , o tempo todo.
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