Na edição  de 1º. de novembro  de 2002, do  jornal Tribuna dos Bairros,  com direito à capa, indicando a página  de nossa coluna,  registramos, com o título Deu Lula lá:

"Na realidade, deu Lulá cá. Cá de aqui, de Brasil mesmo.  Pelo andar da carruagem, pelo entusiasmo  e convicção estampados nos rostos de (quase ) todo mundo , durante a campanha presidencial, chegamos a inarredável conclusão: o homem está eleito.  Duma  coisa tínhamos certeza: caso o candidato do eterno FFHHCC,  viesse a ganhar,  nunca  mais assobiaríamos, nem de leve,  a canção do Lamartine Babo,  consagrada pelo Francisco Alves, que diz: "Serra da Boa  Esperança,  esperança que  encerra  no coração do Brasil um punhado de terra..." Endossaríamos Pelé na sua declaração: "o brasileiro não sabe votar."

Radicalismo ou exagero de nossa parte?  Nunquinha. Apenas frutos de  ponderações a respeito de tão palpitante  momento histórico.  Sobre o fato de Lula ser um simples operário, torneiro-mecânico,  metalúrgico, notável  representante  da classe menos favorecida, temos um argumento:  Abraham Lincoln , presidente norte-americano,  notabilíssimo,  era um simples lenhador.  Tentou, tentou,  feito Lula, chegar ao ponto máximo do país dos  nossos  "irmãos" do Norte.  Deu. Chegou.  Verdade que, ao modo de Stanislaw Ponte Preta, vai esta observação: "depois dele ,  nenhum outro lenhador foi eleito presidente dos Estados  Unidos" Mas lá a democracia é tanta que até um ator de cinema - o canastrão do Ronald Reagan -  tomou as rédeas do poder, cowboy que foi  em incontáveis bangue-bangues. Quem sabe se agora - depois de tantos governantes  formados em honrosas universidades e com títulos de honoris-causas - um homem do povo, um simples homem do povo , que conhece os problemas do povo, não os resolva?

Mais uma vez: Lula lá. Aliás, perdoem, Lula cá."

Claro que nos dias de hoje, não escreveríamos  o texto acima. Lula, no poder, me fez lembrar um filme de Alfred Hitchcok  "O homem que sabia demais". Só que ele finge saber de menos. Ou  de uma comédia boboca:  A espiã que sabia de menos. Lembra Dilma

No depoimento morno de Moro, Lula, de início deu provas de intenso nervosismo. Depois, mais à vontade, rezou a cartilha dos eternos "não sabia de nada'  o tempo todo.

Sempre houve roubos e desvios de verbas em todos os governos, desde o início da República. Mas eram moderados. O que se vê agora é roubo descarado. E o sem-vergonha, duas vezes presidente do Brasil, insiste numa terceira candidatura em 2018.

E acaba eleito. À esta altura, vale repetir a pergunta: "Que país é este?"  Aliás, título de um livro de Millôr Fernandes, que acabo de reler.

É isto aí.