Claro que não se trata da novela radiofônica O Direito de Nascer. Afinal, o título da crônica e o da novela apresentam consoantes diferentes. A primeira, na década de 50, levou as mulheres, diante do rádio, a umedecer centenas de lençóis.

Era melodrama exagerado, de mau- gosto, mas comovente ao seu gênero. O Direito de Nasser criei-o após a leitura de Parceiro da glória - meio século na música popular brasileira, de David Nasser. Dele sua bibliografia afirma; "David Nasser , paulista de Jaú, onde nasceu em 8 de janeiro de 1917, era filho de Alexandre Nasser e Zakiha Audi, cristãos árabes do Líbano. Residiu até os 14 anos em Minas Gerais, principalmente na cidade de Caxambu. Casou com Dona Izabel e iniciou sua prodigiosa atividade jornalística em 1933, aos 16 anos de idade, como repórter de O Jornal, de Assis Chateaubriand. Dedicou 30 anos de sua vida jornalística aos Diários Associados e, principalmente, à revista O Cruzeiro, para a qual escreveu mais de 600 trabalhos, e da qual se desligou em 1975. Escreveu também para O Globo, e sua última trincheira, como dizia, foi a revista Manchete, de Adolpho Bloch, quando manteve a coluna "Autocensura".

Mas sacudiu o povo brasileiro com reportagens filmadas sobre os índios e outras pelo mundo afora. Formou dupla famosa com Jean Manzon, repórter- fotográfico. Com mais de 45 anos de atividade intelectual escreveu 11 livros. O primeiro em 1943, Só meu sangue é alemão. Faleceu em 10 de dezembro de 1980 sem ver editada sua última obra - Parceiro da glória: 45 anos na música popular. Ela foi editada em 1983 pela José Olympio Editora com apoio do Instituto Nacional do Livro.

Em suas 338 páginas, desfilam o virulento articulista e o amoroso, suave e terno compositor popular. Foi autor de mais de 400 músicas. Sambas-canções e marchinhas carnavalescas. Assinou com parceiros sucessos inesquecíveis como Canta Brasil (regravado por João Gilberto, Gal Costa, Caetano e Gilberto Gil), Confete, Serpentina, Nega do cabelo duro e mais e mais.

Nos 38 capítulos do livro, ele traça perfis, entre tantos com quem conviveu: Francisco Gonçalves, o Chico Viola (o maior cantor do Brasil); Ari Barroso (Aquarela do Brasil); Villa Lobos, Orestes Barbosa (Chão de estrelas), Carlos Gardel (o máximo do tango); Carmem Miranda (Taí, quem mandou você gostar de mim...); Vicente Celestino ( O ébrio); Zequinha de Abreu (Tico-tico no fubá); Noel Rosa (o filósofo do samba); Roberto Carlos, o único que ele não chegou a conhecer pessoalmente...

Todos os direitos do Nasser constam do livro citado.