Este episódio chega a ser terno e também lírico - por que não? Quem o conta é Víctor Márcio Konder, jornalista com quem não cheguei a conviver, apesar do bom tempo em que atuou no Santa. Consta do livro Antônio Carlos Konder Reis - 50 anos de vida pública, editado em 1997 pela Oficina da Palavra da Fundação Cultural de Itajaí. Naquele ano, ACKR exercia o mandato de deputado federal pelo PFL.

"O fundador da família, Marcos Konder Sênior, veio muito moço ainda, com 21 anos, da aldeia de Schweich, perto de Trier (antiga Treveris dos romanos) no Mosela. Onde era mestre-escola, para ser o preceptor dos filhos da família Malburg, em Itajaí (...). A certa altura, ele foi contratado pelo major José Henrique Flores para dar aulas de música (piano e violão) a sua bela filha, Adelaide, a qual, por parte de mãe, descendia de gente de antiga estirpe, remontando a genealogia aos condes de Breves, franceses (...)".

A moça, futura esposa de Marcos, tinha leves traços negróides, não aceitos pelos brancos europeus, não acostumados à mestiçagem brasileira. E agora com a palavra o poeta Marcos Konder Reis: "Quando o Dr. Blumenau soube que seu jovem amigo iria casar-se com a bela Adelaide, perguntou-lhe, entre curioso e apreensivo:

- Você vai se casar com uma mulata?

O professor respondeu-lhe de pronto:

- Não. Vou casar com uma princesa."

Professor do Colégio Pedro II, estava eu numa solenidade em que Konder Reis, como governador, era o alvo das atenções. De repente, vi-o sozinho, de terno, pensativo, na lanchonete do colégio. Abordei-o:

- O senhor não me conhece. Sou Gervásio Luz e meus pais são de sua terra, Itajaí.

Tomando conhecimento do nome do meu pai e de minha mãe, com a maior naturalidade, traçou o perfil de todos os meus tios, de ambas as famílias. E olhem que eram 16, em cada uma delas. E foi assim que tive o único contato com o grande tribuno, deputado estadual e federal, senador, governador do Estado de Santa Catarina e mais e mais. Tive a prova de que o político que quer se reeleger tem que reconhecer sempre as pessoas que lhe tenham sido apresentadas.

(À hora em que bato estas linhas, ACKR vive recluso na praia de Armação, em Penha, e este texto conserva a ortografia antes da reforma).

(Do livro, a sair este mês: Máximas do Barão de Itapuí)

                                                                                              

 

 

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