Índio véio
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Tem perto de 30 anos que conhecemos o véio Petters. Chama-se Alfredo. E como o título de um livro de Fernando Sabino, "Deixa a o Alfredo falar".
Foi com esse título citado no parágrafo anterior que o entrevistamos na nossa coluna diária no Santa, exatamente na edição do dia 10 de maio de 1988. Estava com 62 anos de idade, 48 em sala de aula.
Nascido em Apiúna (ex-Aquidaban), começou a lecionar em São Paulo.
Em Blumenau, tornou-se peça fundamental dos colégios Santo Antônio e Pedro II.
Participava de um time de mestres insuperáveis em talento e responsabilidade: Luís Emmerich, frei Odorico Durieux, João Mosimann, Max Kreibich, Joaquim Floriani e outros que a memória insiste em falhar, neste momento.
Perguntado se os jovens de hoje não são como os de antigamente, foi incisivo: "Tudo mudou. Tudo é dinâmico na vida. E se tivermos que aprender alguma coisa, temos que aprender com eles. O que aprendi de vivência não foi com professores e sim com as crianças para as quais lecionei. A vida não anda pra trás."
Domingo desses, esbarro com Petters, na Ponta Aguda, onde reside.
Aposentado, mesmo jeito alegre de conversar e de bem (sempre) com a vida. Recorda passagem pitoresca dos tempos de magistério:
- Quando comecei a dar aulas, os alunos tinham a mania de dar apelidos aos mestres. No Santo Antônio, havia um verdadeiro zoológico: Jacaré, Touro, Alazão, Sapo, Tatu, Mula manca... Decidi então amenizar meu novo batismo. Antes que o fizessem, saí de Índio. Disse aos alunos, no primeiro encontro, que o meu apelido era Índio e que realmente tinha vindo das selvas. Não estranhei, portanto, que na primeira reunião de pais e professores, uma mãe, ao me ser apresentada, disse-me: - Bem que a minha filha garantiu que tinha um índio dando aula para ela, aqui neste colégio!
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