No texto da coluna anterior, prometemos levar aos leitores os ditos populares contidos na crônica Água do pote, do livro com o mesmo nome, de autoria de Flávio José Cardozo. Ei-los:
"Ficar feito asno diante de palácio é ficar bestificado.
O infeliz que trabalha e trabalha sem nenhum resultado vive carregando água em balaio.
Andar fresquinho como um pé de alface é ter bom aspecto.
Quem vive arreliado não está nos seus azeites.
Tomar na cuia é sofrer ingratidão.
Ficar em cólicas é afligir-se, preocupar-se, o mesmo que andar sobre brasas ou só pensar na morte da bezerra.
Um indivíduo cheio de experiência não cai de cavalo magro.
E existem as célebres calças pardas e a camisa de onze varas nas quais se vê quem passa por aperturas.
Meter-se em altas cavalarias é querer ir além das próprias forças.
Estar vendendo botões é ter a braguilha aberta.
Pedir bênção aos cachorros é não merecer consideração nenhuma de ninguém.
Quem anda com fome está com a barriga dando horas e quem não tem nada pra comer vive roendo beira de penico.
Só enxergar os dourados é ver apenas o lado bom e bonito, claro.
Fazer fosquinhas é fingir afeição.
E há quem se comporta como frei Tomás, recomenda, mas não faz.
Beber como um funil é o mesmo que beber até os portais da igreja.
Não poder com um gato morto pelo rabo é andar muito fraco.
Morrer de morte macaca é morrer ingloriamente.
Ganhar um ovo de porco é coisa muito triste: é levar desfeita.
Dar o pé e tomarem a mão significa abuso de confiança.
Quem traz sua modesta contribuição para alguma causa se diz que está trazendo também sua pedrinha.
Rogar ao santo até passar o barranco é só rezar na hora do perigo.
Quando um assunto vem bem a propósito está vindo a talho de foice, mas se o assunto foi omitido ele fincou no tinteiro.
Pôr-se nas suas tamanquinhas é embirrar, fincar o pé, não ceder.
Negar os estribos é desobedecer.
Uma senhora cheia de luxos e vontades é uma senhora cheia de titiquinhas de galinha
Bater a linda plumagem é cair no mato, fugir.
Adoçar a boca é enganar com promessas.
Ir à gaita é fracassar nos negócios".
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