Chegando às seiscentas
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Nunca fui chegado à numerologia. Tanto que já registrei aqui neste espaço que sete é o número do azar e treze a conta do mentiroso. Só endosso a expressão do Jô Soares "o meu negócio são números", referindo-se ao vil metal. Nem tão vil assim quando constatamos que "a felicidade não bate a sua porta, e sim o cobrador". Percebo que estou chegando a 600 colunas, aqui no Jornal Metas, contagem iniciada no ano de 2002 , salvo engano.
Não ocorre erro no título desta coluna. Na realidade, o normal seria escrever Chegando aos trezentos, mas me refiro aqui às crônicas já editadas. Como a maioria dos textos constitui-se de crônicas, poderia discorrer sobre elas e também de seus cultores mais expressivos. Já cumpri esta missão. Correria o risco de cansar o leitor.
Relembrarei então o perfil de José Carlos Oliveira, o Carlinhos (1934-1986), um tanto esquecido nos dias de hoje.
Alagoano, mocinho fixou-se em Ipanema e tornou-se personagem folclórica do Rio de Janeiro. E virou leitura obrigatória nos anos 60 e boa parte dos 70, no caderno B do Jornal do Brasil que infelizmente virou somente on-line, embora haja a promessa de voltar a ser impresso.
Bebeu de uísque o equivalente ao mar de Ipanema. Excêntrico pela própria natureza, fez da varanda do restaurante Antônio`s, reduto dos intelectuais da época, no Leblon, seu botequim, casa, redação e mais e mais. Tinha uma mesa cativa, seu escritório na realidade, onde batia na máquina de escrever suas obras. De lá escrevia suas crônicas diárias e os proprietários e garçons guardavam sua arma - a máquina de escrever - como se fosse joia rara.
Já transcrevi aqui uma frase dele, que assinaria embaixo: "De uma vez por todas, não sou cronista. Apenas abro a máquina de escrever e começo a respirar".
Outra lembrança: Vilson Nascimento em suas em suas elucubrações literárias criou um personagem. Abdrura, do movimento zen-budista. Assinou um manifesto e enviou-o a Carlinhos. Este lhe dedicou, com ironia ou não, crônica inteira no Jornal do Brasil, que então circulava por aqui e era lidíssimo.Logo Abdrura ficou conhecido no país todinho. Hoje é sombra do passado.
Que venha mais além das seiscentas, se a Natureza (Deus) assim o permitir.
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