São nomes de pessoas Alfredo e Liduíno. Porém, nesta crônica, batizam galos que tive no correr da existência. Criação de galinhas nunca faltou. Menino, em Rio do Sul, não me esqueço da morte de dona Bembem. Embora possuíssem poleiros em bem-instalado galinheiro, preferiam o pernoite nos pés de árvores. A galinha, no voo de descida pela manhã, gorda como a Wilza Carla, espetou o pescoço num espinho de uma laranjeira e o óbito se deu.

Alfredo era um galo inglês não muito afeito ao ringue. Encontrava mais prazer cuidando de seu variado harém. Um danado. Levava suas amadas a um terreno amplo que fazia fronteira com o galinheiro. Assim que podia, dava uma escapadinha e dirigia-se ao terreno dos Germer, onde até pouco tempo ficou a Aliança Francesa, na Alameda Rio Branco. Surrava o galo e trazia algumas aves para o seu terreiro. É claro que eu devolvia.
Sua única covardia que recordo. Foi o dia em que uns urubus (coisa rara por aqui, sua presença maior ocorre em Itajaí e praias em geral) apareceram lá em casa. Refugiou-se com seu elenco debaixo do galinheiro e só saiu quando os carniceiros deram o fora. Ganhei um galo branco parrudo. Até a chegada dele, reinava tranquilo um garnisé. Enfrentou o novo hóspede e levou a maior tunda. Correu. Acontece que a oficina dos Olinger, situada onde hoje fica a Academia Master, jogava montes de carvão no canavial onde a turma ciscava.
Depois do banho de pó, o galo branco empretecia e o garnisé, achando que fosse outro, enfrentava-o, perdendo sempre a luta.
Liduíno (nome de um dono de boteco em Caieira da Barra do Sul, em Floripa) entra em cena. Nascido na casa da Coronel Vidal Ramos, era mestiço de garnisé com galinha de bom porte. Por isso, tornou-se encorpado e muito colorido. Tinha uma bondade exagerada. Convivia com patos, marrecos, perus, angolistas sem bicá-los. Mansinho, adorava um colo.
Jogado no chão, seu primeiro ato era cantar. Seria atração para programa de televisão, tipo Sílvio Santos ou Gugu Liberato.
Num desfile da Oktoberfest, foi mimado por Nelson Lamin, que fazia o papel de um colono preguiçoso que nem Macunaíma. Ficava sentado na carroça de colono o desfile inteiro, pitando cachimbo, abraçado no galo.  E assim permanecia, apesar dos protestos da mulher, desempenhada por Rose Tschumi, que trabalhava feito doida.
Os turistas que assistiam ao desfile, vendo aquele galo superdócil e dormindo, não tinham dúvida. Gritavam, acusando:
- Sem-vergonha! Deste cachaça para o bichinho!
E assim termina este texto, galináceo ou galiforme, como queiram.