Sempre que ouço o nome Helmut vem-me à mente a figura daquele senhor casado com dona Hildegard. Mal raiava o dia, ia ao encontro da garrafa de aguardente. Só que encontrava um severo não de sua frau. Corpulenta, portanto, intimidadora, ela impunha:

- Só beberás o primeiro gole quando passar o ônibus de Salto Weissbach.

O casal residia nas Itoupavas. E o ônibus, naquele tempo, para desespero de Helmut, só passava às 11 horas.

O alemão corria para a janela e a cada pessoa que estivesse na rua, indagava:

- O ônibus de Salto Weissbach já passou?

E tanto repetia a cena que, cansada da chateação, dona Hilde entregava os pontos:

- Helmut, o ônibus de Salto Weissbach já deve ter passado. Nem tu nem os vizinhos chegaram a vê-lo.

Resignada: - Querido, podes abrir as torneiras.

Mas quem me preocupa agora é outro Helmut. Que também abriu as torneiras literalmente numa das edições da Oktoberfest. Uma cigana lhe disse: - Moço, hás de encontrar num dos pavilhões teu grande amor, aquela morena, neste grande evento. Bateu o ponto, ao menos, até ontem, em todos os pavilhões. Procurava uma morena sólida, mas não desgrudava um segundo das loiras líquidas.

Saboreou todas as cervejas artesanais da região do Vale Europeu e de outras cidades catarinenses. Não se importou com o preço das importadas. E esclareça-se entre umas e outras marcas, dá-lhe um copázio da Brahma, a oficial.

Achegou-se a todas as morenas possíveis e imagináveis. Sua cigana lembrara-lhe a Esmeralda, vivida no cinema pela Gina Lollobrigida em O corcunda de Notre Dame (papel interpretado pelo Anthony Quinn).

Sua dama, a procurada, jurava, encarnava a descrita pelo compositor Bororó na música A cor do pecado:

"Esse corpo moreno,

Cheiroso e gostoso,

Que você tem.

É um cheiro de mato,

É um cheiro de fato

Que me convém"...

Igualzinha à Sônia Braga. Fez jura braba:

- Amanhã, só beberei água e encontrarei a minha amada.