A Menina do Vale
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(Fotos: )
Dia desses, revisitei Dona Emma. Foi um mergulho no passado. E dia de redescobertas mil. Não sabia que a Emma da história tinha sido esposa de José Deeke, diretor da Companhia Hanseática, responsável pela vinda de imigrantes europeus para o nosso Vale. Fui, convidado pelo professor Nélcio Lindner, meu companheiro de lutas no Colégio Pedro II, com a presença sestrosa, inteligente e simpática da professora Sueli Maria Vanzuita Petry, diretora do Arquivo Histórico da Fundação Cultural de Blumenau.
Mergulho no passado? Pois sim. Me vi, de calças curtas, acompanhando meu pai, o advogado Ademar Luz, em uma "caçada" na Serra do Alto Mirador, dizem cadinho depois de Presidente Getúlio. Lá, vivi uma cena dantesca. Papai, na realidade, não caçava, não matava bichinho nenhum. Levava espingarda, verdade. Mas ia pro mato apenas para espairecer, que, naquele tempo, estresse já dava sinal de vida.
Eu e ele, armas em punho, caminhávamos pela floresta. De repente, não mais... me aponta um papagaio saboreando deliciosas frutinhas num pé de árvore não sei de quê. Disse: - Atira! Ponderei: - Eu? Não. Atira o senhor que tem melhor mira. Insistiu: - Atira. Mirei o alvo, ouvindo dele: - Tens coragem de privar da natureza essa bela espécie? Baixei a jeco, pê da vida e lamentei: - Não viemos aqui para caçar? Desde então, não atiro nem em ratinho de esgoto.
Pertinho de Dona Emma, lembrei-me de uma gruta fantástica, com nome de santa, sei lá qual. No retorno, revisitei-a. Aliás, foi um dia de boa semana, cheia de encantos mil.
Na prefeitura, foi feito um encontro para formalizar um acordo do Executivo com o Centro de Memórias de Dona Emma, fundado em outubro para resgatar a história dos que contribuíram com Dona Emma.
Dia inteiro foi ocupado com visitas a pontos turísticos. Do alto das colinas, com exemplares de Die Kuh auf dem Bast (A vaca no pasto), olho nas gravuras de Alexander Lenard, autor do livro, revíamos as paisagens. Nenhuma com o sabor do samba de Tom Jobim, Inútil paisagem. Todas eram reais e verdadeiras. O porquê do título desta crônica? Fácil. O escritor húngaro escolheu Dona Emma como seu refúgio. Numa de suas obras, batizou-a com a perífrase A Menina do Vale.
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