'Guia de Bolso Contra Mentiras Feministas' reúne 15 artigos de especialistas

A polêmica deputada estadual, Ana Caroline Campagnolo (PSL) lançou, na noite da última sexta-feira (26), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, mais um livro que promete causar muita discussão entre feministas. O "Guia de Bolso Contra Mentiras Feministas" reúne 15 artigos, parte deles escritos por coautores especialistas em temas diversos, que tentam desmistificar algumas ideias sobre as diferenças sociais entre homens e mulheres. Os textos trazem diferentes perspectivas sobre a influência do feminismo na sociedade.

Em 2019, a parlamentar já havia causado polêmica entre determinados grupos feministas ao lançar a obra "Feminismo: Perversão e Subversão", que ultrapassou a marca de 50 mil cópias vendidas em todo o Brasil. Nela, Ana - que é historiadora e professora - revê a trajetória do feminismo, confrontando as alegadas bandeiras e supostas conquistas do movimento com suas reais consequências na história cultural do Ocidente e, em especial, do Brasil.

O lançamento deste segundo livro ocorreu na data de aniversário de 31 anos da parlamentar catarinense. "O primeiro livro foi lançado do dia 8 de março, Dia da Mulher, e quero fazer o mesmo com esse, justamente hoje e também porque ontem, dia 25/11, ter sido a data magna do estado, Dia de Santa Catarina de Alexandria, levando em conta que Santa Catarina é o único estado do Brasil com nome de mulher, uma forma de homenagear o estado e a Santa Catarina", justificou a parlamentar.

Sobre a obra, Ana Caroline explicou que foram utilizadas 15 ideias feministas, às quais considera mentiras, em um livro simples e coeso, com muitas fontes bibliográficas. "Uma das falácias é de que o sexo feminino é sempre oprimido e que está sempre em desvantagem. A gente ouve muito isso em vários contextos, em reportagens jornalísticas, dizendo que as mulheres sofrem mais com ar condicionado ou que elas sofreram mais com o Covid-19 mesmo que os homens tenham morrido mais. Então, a tendência é de que as mulheres estão sempre sofrendo e nós mostramos na obra inúmeras situações em que as mulheres estão em vantagens."

A deputada cita algumas vantagens que as mulheres têm sobre os homens, como a previdenciária. "A expectativa de vida da mulher é maior do que a do homem, ainda assim ela se aposentada antes e os homens contribuem com a maior parte dos impostos e recursos para a previdência, então de alguma forma os homens pagam a aposentadoria deles e boa parte das mulheres. Isso dá às mulheres a vantagem previdenciária. Existem outras vantagens que as mulheres estão em superioridade aos homens e quase não são citados", afirma a deputada.

Para Ana, a desigualdade entre homens e mulheres não significa necessariamente posição de vantagem ou desvantagem. "O livro tenta demonstrar que as mulheres são o sexo privilegiado, histórica e socialmente, desmentindo várias falácias feministas."

Ela ressalta que na obra são tratadas sobre mentiras que são econômicas, históricas e políticas em torno da luta das mulheres. Também demonstra que não é tão homogêneo esse pensamento que as mulheres estão sempre sofrendo e que ser mulher é pior coisa do mundo.

"Uma das principais mensagens do livro é de mostrar de como é bom ser mulher, como há beleza nisso e que há muitas vantagens", acrescenta Ana Carolina.

A trajetória

Graduada em História, pós-graduada em literatura portuguesa e professora da rede pública e privada de Itajaí desde 2009, Ana Caroline Campagnolo, identificada com a extrema-direita, está em seu primeiro mandato na Alesc. Em outubro de 2018, foi eleita deputada estadual com mais de 34 mil votos na carona da onda bolsonarista em Santa Catarina. Logo que assumiu a cadeira no Legislativo catarinense, a deputada ganhou a mídia nacional ao fazer uma publicação em suas redes sociais oferecendo seu contato telefônico para alunos enviarem vídeos de professores em sala de aula que estivessem fazendo "manifestações político-partidárias ou ideológicas". Na época, o Ministério Público (MPSC) abriu procedimento para apurar possível violação ao direito à educação dos estudantes. A deputada fez essa proposta sem saber que há uma lei estadual que proíbe o uso de telefone celular nas salas de aula das escolas públicas e privadas no Estado.

Nesta segunda-feira, dia 29, a Assembleia Legislativa do Estado entregou a Comenda do Legislativo Catarinense a pessoas indicadas pelos parlamentares. A deputada Ana Caroline escolheu o professor aposentado da UFSC Sérgio Colle, que responde a um processo por ter assumido publicamente um posicionamento racista, ao chamar cotista de imbecis e macacos: "A lógica da falsidade e inutilidade tem por objetivo cooptar a enormidade de imbecis do coletivo brasileiro (sobretudo os cotistas das universidades), de que o subdesenvolvimento científico deve-se a tal dominação. Ora, a patuleia simiesca, e por conseguinte, deseducada, absorverá este tresloucado discurso, até porque eles tem preguiça de pensar (?)"?, escreveu, na ocasião, o professor.