Neste final de semana, a Operação Oxigênio' cumpriu cinco mandados de prisão preventiva

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Moisés deve ser o próximo a depor na CPI/Foto Ricardo Wolffenbuttel/SECOM

Atualizada às 19h de 09/06

Após as prisões deste final de semana, o relator da "CPI dos Respiradores", na Assembleia Legislativa do Estado de SC, deputado Ivan Naatz, disse que vai convocar o governador Carlos Moisés para depor. Esse pedido deverá ser formalizado aos demais membros da CPI nesta terça-feira (9). "Ele (governador) precisa falar com Santa Catarina. Não dá pra ficar no sofá num momento como este acreditando que não é com ele", afirmou o parlamentar. Naatz também lembrou que as coisas ficaram mais fáceis a partir do decreto de calamidade pública, assinado pelo governador em 27 de março, que liberou o Governo do Estado do protocolo de licitações. "O governador precisa dizer quem o convenceu de que esse decreto deveria ser assinado", reiterou Naatz, que voltou a dizer que a Alesc está empenhada em desvendar os fatos, e que cada uma das instituições envolvidas tem cumprido bem seu papel. O ápice das investigações da compra dos 200 respiradores, segundo o parlamentar, foi a prisão preventiva do ex-secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Douglas Borba. "Ele (Borba) não agiu sozinho, nem poderia. Agora é juntar os pontos", acrescentou.

Prisões

A prisão preventiva do ex-secretário de outros quatro investigados pela compra dos 200 respiradores ocorreram neste final de semana em mais uma fase da "Operação Oxigênio", que investiga suspeitas de irregularidades na compra de 200 respiradores pulmonares ao custo de R$ 33 milhões pelo Governo do Estado. No sábado (6), a força-tarefa - Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Civil - cumpriu quatro mandados de prisão, entre eles o do ex-secretário Borba. Outro preso preventivamente é o advogado de Biguaçu, Leandro Adriano de Barros. Já na mamhã de domingo (7), um quinto investigado foi preso preventivamente. Trata-se do empresário Fábio Deambrosio Guasti. A defesa de Fábio enviou nota à redação afirmando que a prisão é ilegal e que tomará as medidas cabíveis. De acordo com a Polícia Civil, um sexto investigado não foi localizado e agora é considerado foragido da justiça, porém, de acordo com informações ele deve se apresentar à polícia nas próximas horas. A alegação é que os investigados estariam destruindo provas. Outro motivo é evitar que o dinheiro - R$ 33 milhões - possa ser movimentado entre as contas dos investigados.

De acordo com o coordenador da força-tarefa, Maurício Medina, a segunda fase da Operação Oxigênio quer "garantir o esclarecimentos dos fatos" e tem "indícios substanciais de que os investigados vinham destruindo provas", como conversas por aplicativos e outros documentos que comprovam a relação entre eles. Além disso, a maior parte do valor pago ainda não foi localizada. "Nós temos a informação de que logo que o dinheiro foi depositado para a Veigamed já foi retirado e distribuído para outras pessoas físicas e jurídicas", disse o delegado da Deic, Rodrigo Schneider.

A operação teve como base as informações coletadas nos últimos dias. Segundo Medina, desde a primeira operação, foram ouvidas mais de 30 pessoas em 40 horas de depoimentos, e que revelou fatos novos. Apesar de certificar a destruição de provas e o depósito do dinheiro em outras contas, a força-tarefa não deu mais detalhes já que parte do inquérito corre em sigilo.

Segundo o coordenador estadual do Gaeco, Alexandre Graziotin, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. "As investigações estão apontando para que desde sempre já se sabia que esses respiradores não chegariam", disse.

Medina acrescenta que essa foi uma "oportunidade ímpar" para desvios de recursos por uma "associação de indivíduos" que se organizaram para tal. Ele diz que a força-tarefa já identificou um grupo que atuou na compra, e que havia uma divisão de tarefas entre eles.

Além disso, a força-tarefa deve incluir no inquérito a configuração de superfaturamento. O TCE realizou uma pesquisa nacional de preços pelos respiradores e apontou que o preço médio chegaria a R$ 72 mil. Com condições desfavoráveis de mercado, o preço poderia chegar a uma média de R$ 88 mil. Foram pagos R$ 165 mil por equipamento.

Com a exoneração de Douglas Borba e Helton Zeferino, que perderam o foro especial, a investigação está tramitando na Vara Criminal da região metropolitana. A força-tarefa pedirá à Justiça a quebra de sigilo do material. (com informações da RCN/Adjori-SC).