O secretário alegou motivos de ordem pessoal e emocional para pedir a exoneração do cargo

O secretário Municipal de Saúde, Francisco Hostins Júnior surpreendeu, no começa da semana, ao pedir exoneração do cargo. Em junho do ano passado, quando assumiu, ele havia dito que a ideia era ficar à frente da pasta até o final do governo Kleber Wan-Dall/Marcelo Brick. Porém, algumas situações pessoais e também emocionais o obrigaram a abrir mão do cargo. Júnior deixa oficialmente a função no final do mês e retorna para a Câmara de Vereadores. Nesta entrevista, ele dá mais detalhes sobre a decisão.

Jornal Metas: Secretário, uma saída que pegou a todos de surpresa. Qual o motivo?
Júnior Hostins: No dia 3 de junho eu tive um processo emocional psicológico bem forte, o que me levou a repensar e refletir. Eu já havia sido secretário da Saúde de 2009 a 2011, mas agora é um momento diferente com as redes sociais e WhatsApp. Estamos num mundo mais moderno e tecnológico e a cabeça da gente não para com tantas informações. Eu fiz uma reflexão de todo esse processo que eu tive de saúde, e acabei decidindo, junto com a família, me retirar da Secretaria da Saúde e voltar para Câmara de Vereadores onde o trabalho é um pouco mais tranquilo. Saio triste porque eu gosto muito da secretaria. Nós fizemos um trabalho muito forte na gestão de pessoas, hoje a equipe está muito mais coesa. A despedida, na segunda-feira, foi bem emocionante. Vários servidores acabaram se emocionando e chorando. A gente fica feliz por ter realizado esse trabalho de um ano, com conquistas importantes para a saúde de Gaspar. Mas, eu precisei realmente me retirar por essas questões de saúde e também pessoais. Eu tenho princípios basilares muito fortes na minha vida, morais e cristãos. Esses últimos acontecimentos me levaram a pedir o desligamento, mas vou continuar auxiliando a comunidade como vereador e nas demais funções que exerço na vida social e de voluntário em Gaspar.

JM: A ida para a Secretaria da Saúde foi num momento importante, porque você já havia estado à frente da pasta em outro governo, e reassumiu num pós-pandemia, com muita demanda represada. Foi um trabalho importante, mas também desgastante. Correto?
Júnior Hostins: Essa demanda reprimida, que ainda afeta não só Gaspar, mas todo o estado e vemos o Governo do Estado trabalhando em cima dos mutirões de cirurgias eletivas para tentar dar conta de uma demanda reprimida que ficou desde a época da pandemia a gente conseguiu avançar em alguns aspectos. Em outros, porém, não como nós queríamos, mas, por exemplo, agora é o momento de aumentar o número de médicos na rede de atenção básica. Também aumentamos o número de consulta em mais de 30% em relação ao período anterior ao que eu estava na secretaria. A demanda na saúde nunca para, você tenta limpar uma fila aparece mais pessoas à procura do serviço. Assim foi quando fizemos o mutirão de cirurgia vascular. Quantas pessoas vieram nos procurar ar, porque quando você oferta o serviço acaba aparecendo mais demanda. A equipe também vinha num processo bastante difícil. São mais de 400 funcionários e eu trabalho há mais de 20 anos com gestão de pessoas. Fui gerente de uma empresa com 700 funcionários, então a gente conseguiu também aplicar um pouco dessa gestão de pessoas. Fortalecemos a educação permanente, trabalhamos muito a equipe com fatores de liderança, e isso nos levou a ter resultados bem positivos em relação à motivação de equipe. O secretário que assumir vai ter uma equipe bastante coesa, com o caminho bem pavimentado. A equipe é muito boa. Eu quero deixar um abraço para toda a equipe que me acolheu.

JM: O hospital é sempre um ponto de muita polêmica. E parece que você está deixando um legado bem importante, que é a possibilidade de o Hospital Santo Antônio assumir o nosso hospital. É isso?
Júnior Hostins: Em 2011 iniciamos uma conversa sobre a possibilidade de aproximação do Hospital Santo Antônio e o Hospital de Gaspar. Eu saí e logo, em 2014, houve a intervenção no hospital. Uma das minhas colocações para o prefeito Kleber, quando assumi em 2022, é que ele me desse carta branca para buscar uma solução para o Hospital de Gaspar em relação à intervenção e a gente iniciou então, no mês de setembro, conversas com o Hospital Santo Antônio, depois ocorreram algumas mudanças também no Hospital de Gaspar e agora começamos este ano a fortalecer mais estes laços. No início da próxima semana estamos assinando um convênio com Hospital Santo Antônio. Eles vão ficar dois meses - julho e agosto - fazendo uma consultoria dentro do Hospital de Gaspar, de gestão e de questões técnicas e um diagnóstico situacional. O objetivo é que depois desse trabalho, o Santo Antônio vá tomar uma posição com sua diretoria e junto com o prefeito e o secretário de Blumenau de assumir a gestão do Hospital de Gaspar, o que seria, sem sombra de dúvida, a melhor solução porque o Hospital Santo Antônio tem know how, é considerado um dos melhores do país e tem alta complexidade já montada, o que traz recursos federais de grande monta. Então realmente é um legado que a gente deixa. Espero que o novo secretário dê continuidade a esse processo e, no final deste período de dois meses, o Hospital Santo Antônio tome a decisão de assumir o Hospital de Gaspar.

JM; Não é segredo que seu nome é ventilado para uma pré-candidatura a prefeito. O seu retorno à Câmara de Vereadores também teria alguma ligação com este fato político?
Júnior Hostins: Em momento algum pesou na balança de sair da secretaria. A minha decisão não tem relação com isso. Eu sempre disse que eu sou sim candidato, meu nome está à disposição para uma candidatura a prefeitura de Gaspar ou compondo uma majoritária como vice, mas isso deve ser um projeto coletivo. Não é o Júnior que quer, mas o partido e mais pessoas, a classe empresarial, a população, as bases e os apoiadores. Portanto, essa minha saída não tem relação nenhuma e meu nome continua à disposição, mas não é só eu querer, o processo tem que ser coletivo, construído a muitas mãos. Eu só não serei mais candidato a vereador, eu sempre defendi que dois mandados é o suficiente e eu já fui dois mandatos vereador, que surjam novas lideranças para essa reoxigenação na política. Se houver a oportunidade vou ser candidato na majoritária, caso contrário vou continuar com meu trabalho na advocacia e voluntário nas entidades empresariais, como o de presidente do Sindlojas e continuar ajudando a cidade de outras formas.