São mais de R$ 500 milhões distribuídos para 1.829 políticos

A conta da propina no Congresso Nacional é alta. Segundo planilha entregue pelos delatores à Procuradoria-Geral da República e publicada pelo site Congresso em Foco, um em cada três parlamentares recebeu dinheiro do Grupo JBS. Deputados e senadores embolsaram mais de R$ 107 milhões da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. De acordo com os delatores, a maior parte dos recursos era mesmo de origem ilegal. Cento e sessenta e sete deputados federais, de 19 partidos, e 28 senadores foram beneficiados pelo  esquema montado pelo maior grupo de produtos de origem animal do mundo para beneficiar candidatos e partidos políticos. Os valores podem ser ainda maiores, já que nem todos foram identificados claramente no documento de delação

"Propinaço"

Na lista do "propinaço" tem nomes na linha sucessória do presidente Michel Temer. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado. Maia teria embolsado R$ 100 mil. Já Eunício não há valor definido. Na delação, Joesley afirmou ter repassado R$ 6 milhões ao peemedebista.

Pelas contas da empresa, os deputados eleitos levaram R$ 49 milhões e os senadores, R$ 58 milhões. Os partidos que mais receberam foram o PSDB (R$ 35,9 milhões), o PP (R$ 20,4 milhões), o PT (R$ 14,5 milhões), o PR (R$ 8,5 milhões) e o PMDB (R$ 8,5 milhões). Receberam ainda as doações de campanha, 16 governadores, a ex-presidente Dilma Rousseff e 179 deputados eleitos, porém, o número de candidatos que receberam é bem superior: 1.829 políticos, que totalizam R$ 500 milhões.

Apenas o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) admitiu ter recebido dinheiro da JBS para a campanha à reeleição. Segundo ele, foram R$ 100 mil transferidos por uma subsidiária do grupo. O deputado, que não aparece na lista de delação da JBS, pediu perdão aos eleitores e disse que vai se explicar ao Ministério Público e à Justiça. 

Lobista da J&F, empresa do grupo JBS, Ricardo Saud afirmou que dificilmente os candidatos não sabiam que o dinheiro repassado para as campanhas era propina.