Porém, o ex-presidente afirmou que a solução está na anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu o impacto negativo da sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros imposta pelo Governo dos Estados Unidos. Porém, seguiu na linha dos discursos dos seus filhos ao defender perdão aos envolvidos na suposta de tentativa de golpe como saída para crise econômica.

Bolsonaro admitiu que a tarifa imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, vai causar prejuízos ao país. Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a medida afeta negativamente produtores rurais, trabalhadores urbanos e o povo em geral — reconhecendo, pela primeira vez, os impactos econômicos da sobretaxa.
Apesar da discurso, o ex-presidente voltou a defender que a solução para o impasse comercial está na anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e na suposta trama que buscou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Bolsonaro, “em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”.
A declaração do ex-presidente alinha-se ao discurso já adotado por seus filhos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que admitiu até renunciar ao cargo e permanecer nos Estados Unidos, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que vêm liderando uma ofensiva pública para vincular o fim da tarifa a um suposto gesto de pacificação institucional no Brasil.
Na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que justificou a criação da tarifa, o presidente Trump evitou mencionar fatores econômicos e citou diretamente o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, onde Bolsonaro é réu.
“Não há perseguição”, afirma Barroo
Em carta divulgada na noite deste domingo (13), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil teve como fundamento uma “compreensão imprecisa dos fatos” e que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém”. Ao impor a tarifa, em carta enviada ao presidente Luís Inácio Lula da Silva na semana passada, Trump justificou a medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Ele também destacou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos e que atingem empresas de tecnologia norte-americanas. Na resposta publicada neste domingo, Barroso disse considerar seu dever fazer “uma descrição factual e objetiva da realidade”. O ministro fez um apanhado de diversas tentativas de golpe de Estado ao longo da história brasileira e, em seguida, apresentou fatos ocorridos desde 2019 que indicou uma nova ameaça à democracia. “Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina.

As ações penais em curso, por crimes diversos contra o Estado democrático de direito, observam estritamente o devido processo legal, com absoluta transparência em todas as fases do julgamento. Sessões públicas, transmitidas pela televisão, acompanhadas por advogados, pela imprensa e pela sociedade”, escreveu Barroso. O presidente do Supremo também negou que haja censura no Brasil e disse que as decisões da Corte buscam proteger a liberdade de expressão. Ele mencionou a mais recente decisão sobre a responsabilização de redes sociais por publicações ilegais feitas por usuários, afirmando “que o STF produziu solução moderada, menos rigorosa que a regulação europeia, preservando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de empresa e os valores constitucionais”.