Eras tu que perturbavas minha mente

toldando meus sentidos.

Eras tu que partilhavas os anseios 

mergulhando-os numa penumbra escura

aprisionando meus sentimentos.

Eras tu um poeta 

de um poema esquecido no tempo

que tentava acorrentar meus desejos.

Eras tu a vida, a morte, o medo 

e a tortura. Eras tu os anseios, as virtudes,

as conquistas e as glórias.

Eras tu o caminhante errante 

o peregrino de momentos

de estradas sem destinos

e rumos incertos.

Eras tu o hipócrita mesquinho 

a avareza escondida

e o poder oculto

das trevas negadas.

Eras tu o próprio tu 

que sem caminhar caminhavas

e sem seguir seguias

tentando tentar encontrar

teu próprio caminho

perdido no tempo dos homens comuns.