Gasparense produz e vende o doce para pagar o intercâmbio para o Canadá

Todas as terças e quintas-feiras, Ian Thiago Dellarosa Bottura, de 19 anos, passa pelo comércio de Gaspar vendendo sonhos que ele mesmo produz, com a ajuda da avó. O jovem iniciou a jornada há três meses com um propósito: juntar dinheiro para fazer um intercâmbio no Canadá. O "menino dos sonhos", como ficou conhecido na cidade, tem o grande desejo de voltar ao país que conheceu em 2014. "Naquela época eu tinha 16 anos e a viagem a Vancouver durou apenas dois meses. Há muitos lugares que não conheci", afirma. A primeira viagem foi custeada pelos pais mas, agora, Ian é quem terá que arcar com os custos da nova aventura. "Eu voltei do Canadá com a vontade de fazer novamente um intercâmbio, pois gostei muito da experiência", afirma. 

Em 2015, ele decidiu que iria viajar novamente, com o objetivo de aprimorar o inglês. Mas, para isso, ele precisava de dinheiro e teve que adiar o sonho em quase dois anos. Para juntar algumas economias, Ian trabalhou em uma empresa como estoquista e depois começou a ajudar o pai na oficina mecânica da família - tudo paralelamente aos estudos. Mas o dinheiro que recebia era pouco comparado ao seu propósito - para viajar, Ian precisa de, no mínimo, R$25 mil - e ele teve outra ideia: vender algo no Centro de Educação Profissional Hermann Hering, em Blumenau, onde ele estudava até o ano passado. "Já vendiam trufas e brigadeiros na escola, eu precisava encontrar outro produto. Foi então que lembrei da minha avó, que fazia um sonho delicioso", explica Ian. O jovem procurou a avó, Catarina Cecília Bittelbrum, para pedir a receita. Porém, a doceira aposentada e com experiência acumulada do voluntariado nas festas de São Pedro, ela resolveu ajudar o neto na produção. "Comecei vendendo os sonhos uma vez por semana na escola e a procura foi tão grande que passamos a venda para três dias da semana. Além disso, eu vendia os sonhos todas as manhãs no Centro de Gaspar", diz. Mas, no fim de 2016, com a formatura, Ian e a avó pararam a produção. 

Como Ian estava em dúvida de que profissão ia seguir, ele decidiu adiar o vestibular e testar algumas possibilidades - mas o que ele queria mesmo era o intercâmbio. Na esperança de que conseguiria juntar a "grana", o jovem marcou a viagem para o dia 11 de dezembro e, assim, ficou difícil encontrar um emprego já que teria data marcada para sair. "Comecei a dar aula particular de inglês, mas ainda tinha muito tempo vago. Foi quando tive a ideia de voltar a produzir os sonhos", recorda. 

A avó de Ian não pensou duas vezes e aceitou, novamente, ajudar o neto. Eles produzem, em média, 200 sonhos por semana. "Os sonhos são feitos nas terças e quintas-feiras de manhã e, à tarde, eu saio para vendê-los", diz. Cada sonho é comercializado por R$3,00 e Ian garante que não retorna para casa com nenhum deles na cestinha.

Como o programa não permite que Ian trabalhe no Canadá - apenas estude - ele precisa juntar um valor que dê para pagar sua estadia, alimentação e transporte durante a viagem de quatro meses - três deles em Vancouver e um mês em Toronto. Dos R$25 mil necessários, Ian já conseguiu guardar R$18 mil e, segundo ele, a maior parte das economias são da venda dos sonhos. Ele está confiante que até início de dezembro consiga juntar todo o dinheiro necessário. Além da venda no comércio, o jovem e a avó também aceitam encomendas. Os sonhos de creme, doce de leite e goiabada podem ser encomendados pelo (47) 99670 1232. "Comprando os meus sonhos, as pessoas estão ajudando a realizar o meu grande sonho", brinca.