Antes de palestrarem aos gasparenses, Mariana, Carmem e Bernadete contaram suas histórias de empreendedorismo ao Jornal Metas

Nesta quinta-feira (8) comemora-se o Dia Internacional da Mulher e, em Gaspar, a data será celebrada com a história de três grandes empresárias da cidade. As trajetórias de sucesso de Carmen Regina Soares Schmitt, diretora da Sulvimes; Mariana Spengler, diretora da Spengler Decor; e Maria Bernadete Isensee, diretora das Malhas Isensee; serão compartilhadas durante o evento "Mulheres Empreendedoras".

O encontro, organizado pela prefeitura, será na Associação da Bunge, a partir das 19h30min. "O evento faz parte do ciclo de palestras realizado pela secretaria e, desta vez, aproveitamos a data para valorizar a mulher, que tanto contribuiu com a economia gasparense", ressalta o secretário de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo de Gaspar, Celso de Oliveira. Durante o evento, que contará também com uma dinâmica proposta pela personal trainer Daiana Oneda, as três empresárias revelarão suas histórias bem sucedidas no mundo dos negócios e estarão dispostas para responder perguntas e conversar com o público. 

Segundo o consultor de performance emocional, Anderson Maia, para ser uma empreendedora de sucesso, é preciso ter objetivos definidos e, principalmente, estar profundamente apaixonada pelo seu negócio. E amor ao trabalho é o que não falta para Carmen, Mariana e Bernadete. Talvez seja este o fator determinante que transformou estas três mulheres em grandes exemplos. 

Carmen, que hoje dirige a Sulvimes ao lado das filhas Gabriela e Helena, conta que "herdou" dos pais o gosto pelo comércio. Aguida e Raul Soares, já falecidos, tinham em Ilhota um minimercado de secos e molhados e, desde criança, Carmen viu os pais negociarem. Depois, eles migraram para o ramo de móveis, quando trocaram a pequena venda por uma loja de vime. 

Esta foi a primeira experiência profissional de Carmen, que ainda jovem começou a ajudar os pais na loja. Porém, aos 24 anos, a empresária se casou e foi residir em Blumenau. Já formada em Educação Física, Carmen chegou a lecionar por alguns anos, mas o espírito empreendedor a afastou das salas de aula. "Durante umas férias escolares eu vim ajudar meu pai e ele disse que queria vender a loja. Então eu decidi ficar e tocar o negócio", recorda. O marido, Antônio Pedro Schmitt, o Pepê (in memorian), que era bombeiro militar, desistiu da profissão para trabalhar ao lado da esposa.

A loja comercializava móveis e peças artesanais de vime a atendia tanto atacado quanto varejo. Enquanto Carmen era a responsável pela parte administrativa e comercial da empresa, Pepê cuidava da produção e logística. "A venda para o atacado aumentou muito e tivemos a necessidade de nos mudarmos para um espaço maior. Foi assim que iniciamos nosso negócio em Gaspar e demos vida à Sulvimes", ressalta. A matriz da empresa, com 2.500m², foi construída no bairro Poço Grande, em um terreno que Pepê herdou dos pais. O marido de Carmen, que faleceu há cinco anos, sempre foi envolvido com a política e, sendo assim, era ela quem estava sempre à frente nos negócios. "Antigamente eu percebia, de forma bem sutil, uma certa desconfiança de alguns clientes. Eles chegavam a brincar, falando vai chamar teu marido, quero negociar com ele. Mas hoje o preconceito quase não existe", diz.

E para conquistar o respeito no campo profissional Carmen dá a receita. "A mulher precisa mostrar que tem conhecimento, que sabe o que está fazendo. A melhor forma de enfrentarmos qualquer tipo de preconceito é mostrar que estamos seguras. Não é porque somos mulheres que não vamos atender os clientes a contento", ensina. A maioria de seus colaboradores são, inclusive, mulheres e são delas os salários mais altos. "Temos uma grande capacidade de ver o processo como um todo, o que é fundamental em uma empresa. A mulher tem olhos de águia, consegue fazer bem muitas coisas ao mesmo tempo", enfatiza a empresária. 

Hoje, Carmen lidera uma equipe de 30 colaboradores e, além da loja em Gaspar, a Sulvimes está presente também no litoral, há dez anos. "Faz oito meses que nos mudamos para um novo endereço, na 3ª Avenida, em Balneário Camboriú. Hoje, nossas lojas possuem um grande mix de produtos e vendemos para todo Brasil", afirma. O negócio, que surgiu há mais de 25 anos, só cresce. 

Sonho realizado 

Desde criança ela tinha um sonho: se tornar enfermeira, professora ou costureira. E foi a última opção que transformou Maria Bernadete Isensee em uma grande empresária. Ela residia com a família no bairro Figueira e, após concluir a 4ª série do ensino fundamental, teve que abandonar os estudos, pois não havia escola com os anos superiores próxima de sua casa. Então, aos 12 anos, ela aceitou o convite de uma tia e começou a trabalhar em uma empresa têxtil. Três anos depois, aos 15, Bernadete aceitou outro emprego, também em uma empresa no mesmo setor. "Fiquei neste emprego como costureira até meus 22 anos e foi onde aprendi quase tudo o que sei hoje. Ali eu conheci como funcionava a produção, a sequência operacioanal, o tempo de cada processo, as metas", conta.

Ela deixou o emprego ao se casar e passou a trabalhar na empresa da família: as Malhas Isensee, onde coordenava a produção. Paralelo ao trabalho na empresa, Bernadete abriu sua própria confecção. Ela coordenava, sozinha e  com sucesso, cerca de 60 costureiras que faziam o serviço de facção para a Isensee. "Porém, em 1989, meu ex-sogro decidiu se aposentar. Então, eu e meu ex-marido decidimos assumir os negócios e juntamos as duas empresas e estou aqui até hoje", diverte-se. A função de Bernadete na Malhas Isensee é coordenar a produção. Ela acompanha diariamente mais de cem colaboradores divididos nos trabalhos de talhação, costura, estamparia, embalagem e expedição. E tem a responsabilidade ainda de repassar todo seu conhecimento e experiência para um dos filhos, Ricardo Isensee, que deverá assumir a função da mãe no futuro. 

Apesar de toda dedicação à empresa e o cuidado com os dois filhos, Bernadete encontrou tempo para ir além. Terminou o segundo grau e fez alguns cursos para se aperfeiçoar no trabalho. Ela também reserva parte de seu dia ao voluntariado: há mais de 20 anos participa da Rede Feminina de Combate ao Câncer, onde ocupa o cargo de presidente da entidade há seis anos. "No começo da empresa, com os filhos ainda pequenos, foi muito difícil conciliar todas as tarefas. Mas quando a gente faz o que gosta, trabalha com vontade, tudo dá certo", ressalta. 
O fato de ser mulher, segundo Bernadete, nunca a prejudicou. "A mulher é muito capaz e tem a mesma capacidade que o homem. O que precisa é a mulher acreditar em si mesma e, principalmente, se valorizar", recomenda. 

Para ela, a receita do sucesso está diretamente ligada ao modo de tratamento que se dá aos colaboradores e à coragem. "A mulher não pode ter medo de tentar e nem desistir diante de um obstáculo. Se não der certo, tem que identificar o erro, corrigí-lo e seguir em frente".

Empresa é referência

A rotina de Mariana Spengler, diretora do grupo Spengler Decor, também é bastante corrida: ela divide os dias da semana entre o trabalho no ateliê de Gaspar e o atendimento nas lojas de Blumenau e Balneário Camboriú. Ao mesmo tempo, ela precisa estar conectada a todas as novidades do mercado. Essa é a rotina da gasparense que lidera o grupo desde 1982. Mas, até assumir o cargo, Mariana passou por outras experiências. Aos nove anos, começou a trabalhar como babá e, aos 14, conseguiu o primeiro emprego formal com vendas. "A partir deste momento, percebi que gostava de lidar com pessoas e, com o passar do tempo, isto foi ficando cada vez mais claro para mim", diz. Hoje, são 36 anos à frente da empresa, que oferece um grande mix de produtos para todos os estilos de projetos e serviços - uma referência no mercado nacional de decoração. 

Mariana lembra que sua história com o grupo começou com a confecção de cortinas para "vestir" projetos de arquitetos e decoradores - inspirada na mãe, Daria Spengler. "Fiz um curso de designer de interiores e fiquei fascinada por este universo. Não tive dúvidas que construiria uma bela história neste ambiente. Hoje, administro a Spengler Decor e sou responsável pelo relacionamento com nossos clientes, profissionais e fornecedores, vestindo seus espaços residenciais, comerciais, corporativos e náuticos com cortinas, persianas, revestimentos e tecidos", explica.

E, até hoje, a diretora não sentiu dificuldades pelo fato de ser mulher. "Talvez minha personalidade objetiva e prática no mundo dos negócios não dê chance para o preconceito", afirma. Para Mariana, disciplina, foco e responsabilidade são bons ingredientes para o sucesso. "Porém, é fundamental ter amor pelo que se faz e uma boa equipe, pois não fazemos nada sozinhos", ressalta. 

No evento de quinta-feira, a diretora pretende compartilhar sua história profisisonal e familiar, já que seu exemplo de empreendedorismo vem de sua mãe. "Será um batepapo contando minhas experiências no mercado de trabalho". Mariana diz que hoje as mulheres inseridas no mercado de trabalho são verdadeiras heroínas. "Nós, mulheres, estamos cada vez mais ocupando espaços até então dominados pelos homens. Isto por conta da nossa sensibilidade em lidar com situações conflitantes, por exemplo. Somos mais tolerantes e pacientes", conclui a empresária.