Prefeitura estuda a possibilidade de resgatar um antigo projeto de mapeamento da região

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Destino de uma das mais belas regiões de Gaspar é se tornar um roteiro de atrativos turísticos. Quem circula pelo Alto Gasparinho, uma grande área ocupada por imigrantes italianos em meados do século XIX, se encanta com o verde que predomina na paisagem, completada por morros, cachoeiras, riachos e ribeirões. Durante muito tempo o extrativismo da madeira e a agricultura (principalmente cana e arroz) foram as principais atividades das famílias do Alto Gasparinho. Mas a mecanização do campo não deixou muitas saídas aos agricultores: buscar oportunidades na cidade ou explorar as terras em outras atividades que não dependessem tanto dos humores da economia e das intempéries climáticas. Foi assim que muitas áreas verdes se transformaram em verdadeiros paraísos de lazer. 

A arrancada para o turismo rural no Alto Gasparinho começou com o exuberante Fazzenda Park Hotel. O empreendimento da família Graciola é o cartão de visita para a chamada Rota Vila d'Itália, já que fica localizado nos primeiros quilômetros da Estrada Geral de acesso ao bairro. O hotel fazzendo, classificado como um dos melhores do país, abriu as portas para o desenvolvimento de outros pequenos negócios voltados para o turismo na região, e isso se percebe claramente quando se conversa com os donos destas propriedades. 

No fim da rua Carlos Coradini, um portal de madeira chama a atenção. Nele é dada as boas-vindas para os visitantes do Engenho do Nono. No local, os irmãos Gilmar e Vandeir Cezar produzem cachaça, licor e melado. O engenho existe desde 1920 e foi erguido pelo bisavô dos irmãos, Hulberto Marquetti. Ainda crianças, Gilmar e Vandeir passaram a acompanhar a produção no local e hoje se "desdobram" para manter a tradição de quase cem anos. "A moenda que usamos é a mesma que meu bisavô utilizava quando construiu o engenho. A produção também continua com o mesmo sistema artesanal, movido à roda d`água", explica Gilmar. Além, é claro, do sabor inigualável da famosa cachaça do nono. 

A curiosidade em conhecer o processo de fabricação da cachaça e os traços rudimentares do engenho levam muitos turistas ao local. Mas ainda não o suficiente para que os irmãos possam se dedicar apenas ao engenho como um negócio. "Hoje, tanto eu quanto meu irmão trabalhamos fora. Nosso esforço é apenas para manter o engenho funcionando, pois o lucro ainda é baixo", admite Cezar. 

Para atrair os visitantes, a família recorre às redes sociais e a propaganda boca-a-boca. Há alguns anos, o engenho, que produz de 3 a 4 mil litros de cachaça por ano, passou a promover eventos, como costelaço, que atraem mais de 300 pessoas a cada edição. "Nosso objetivo é abrir um restaurante com comida caseira e também passar a oferecer um café colonial". Isto tudo, segundo Cezar, para ter mais turistas no local. "Hoje, 40% das pessoas que visitam o engenho são de outras cidades, como Blumenau, Brusque e Florianópolis". 

Rota turística 
Para Gilmar, o turismo na região poderia ser mais explorado e ganharia força caso o Vila d`Itália fosse realmente um roteiro turístico. "Hoje, as pessoas buscam lugares assim, tranquilos, para passear com a família. Além disso, elas gostam de ver antiguidades", garante. E atrações assim não faltam no Alto Gasparinho: a Truticultura Bertoldi, o Sítio do Dinda, o Circolo Trentino di Gasparin, o museu do seu Ilmar Batista são outros exemplos de pontos que atraem os visitantes. 
A definição de uma rota turística talvez esteja mais próxima do que Gilmar imagina. Isso porque no mês passado, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Renda de Gaspar iniciou as visitas a alguns estabelecimentos na região.

A intenção, conforme explica o secretário da pasta, Celso de Oliveira, é identificar os possíveis pontos turísticos para, então, definir a rota. "É um região com alto potencial para o turismo. Precisamos identificar estes pontos e estabelecimentos e, juntos, montarmos um roteiro atrativo", argumenta. A ideia, porém, ainda está em fase embrionária e não há nenhuma previsão para que o projeto seja finalizado, até porque serão necessários recursos. "Ainda estamos desenvolvendo ideias e buscando parceiros", informa o secretário. 

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Enquanto isso os estudos avançam, Nelson e Maria Helena Coradini continuam a produzir seus famosos biscoitos amanteigados, apostando que o seu produto possa ser uma das atrações do Vila d'Itália. Os biscoitos, produzidas em um espaço anexo à residência da família há mais de 20 anos, já atraem visitantes. O casal recebe em sua casa, na mesma rua do engenho, hóspedes do Fazzenda Park Hotel. Além de ver como os biscoitos caseiros são fabricados, eles também compram e levam o sabor de Gaspar para suas cidades. 

Para atender os visitantes, que não são poucos, o casal construiu uma pequena recepção. "Hoje recebemos os hóspedes do Fazzenda, mas se tivesse um roteiro turístico, com mais pontos de paradas, acredito que as visitas iriam aumentar consideravelmente", afirma.

A produção teve início em 1993, motivada pelo desejo de Maria Helena em ter o seu próprio negócio. Ela juntou receitas antigas da avó, da mãe e de algumas tias e, após algumas adaptações, começou a fazer os primeiros biscoitos. Ela lembra que a venda dos amanteigados começou tímida, apenas para familiares e amigos. "Um dia, colocamos os biscoitos para serem vendidos em uma loja de um amigo no Centro da cidade e as bolachas tiveram uma grande saída. Assim, fomos aumentando nossa produção", relata Maria Helena.

Ela se associou à CooperGaspar e hoje os biscoitos produzidos pelos Coradinis não são apenas comercializados em Gaspar, mas também em padarias e supermercados em Blumenau, Ilhota e Brusque. "Hoje produzimos cerca de 3 mil pacotes de biscoito de 300g e 200g por mês", revela. A produção conta apenas com a mão de obra de Nelson e Maria Helena e de um de seus filhos.