Jornalista mineiro, Raphael Vitorino, revive a história de um crime bárbaro para abordar a viralização da notícia
O que de fato interessa ao público leitor, seja ele de veículos impressos, eletrônicos ou digitais? O que a mídia anda oferecendo para esse público? Essas são questões, muitas vezes, não tão relevantes quando se busca transformar a notícia em algo muito mais do que ela de fato é. Uma chacina, sete corpos. Essa pode ser uma notícia "midiática", com várias lentes e versões, mas nem sempre é assim. A mídia em peso cobriu o caso. Tudo foi noticiado, menos... a verdade! Um fato não pode ser analisado por apenas uma ótica, um prisma, é preciso conhecer a fundo o ponto de vista de todos os envolvidos, inclusive dos criminosos.
Foi essa a ideia do jornalista mineiro, Raphael Vitoriano, ao escrever "Lentes Avulsas" . O livro chama atenção para quando a audiência é mais importante que as vidas por trás de um crime. Vitoriano tece crítica sobre a espetacularização da cobertura jornalística de grandes tragédias e narra a história de uma chacina pelas perspectivas das vítimas e do assassino. Uma reflexão em tempos de fake news e viralização de notícias via whatsapp e outras mídias digitais.
A notícia
O que parecia ser um belo domingo em família na praça principal da pacata cidade de Bento Costa, no interior do Estado de Minas Gerais, se transformou em um terrível pesadelo. Eram por volta das nove da noite quando sete tiros são ouvidos, vindos de uma rua próxima à praça lotada, espalhando pânico e terror.
Sete corpos são encontrados em uma rua sem saída e, aparentemente, a única coisa em comum entre as vítimas é que todos tinham 26 anos. Inspirada em casos de comoção nacional, a obra Lentes Avulsas, tem como ponto de partida o mistério que envolve uma chacina que comoveu o país: quem é (ou são) o assassino?
Bento Costa, que antes era quase esquecida, se vê diante dos holofotes da mídia nacional que noticiou tudo sobre o caso, menos a verdade. Sob a pressão da mídia, a polícia se vê obrigada a dar uma solução imediata à tragédia, vendo uma saída fácil ao atribuir o crime à uma quadrilha famosa por realizar assaltos a postos de gasolina e casas lotéricas na cidade do que buscar a fundo os verdadeiros culpados.
Pelas perspectivas das próprias vítimas e do assassino, a obra destrincha a fundo os fatos que envolvem cada personagem: suas vidas, relações, qualidades, defeitos e a motivação do crime. Aos poucos, o leitor constrói o quebra-cabeças sobre as conexões que existem entre as vítimas e a relação entre elas e o assassino.
O autor ainda provoca uma discussão sobre as problemáticas éticas e morais da sociedade, expondo como cada pessoa é uma peça dentro de um jogo muito maior e a influência que a ação de cada um pode ter na vida do outro.
A cada capítulo é explícito como o sensacionalismo que envolve as grandes coberturas jornalísticas de tragédias se sobressai ao simples fato de noticiar. Tudo pela audiência. E quem está errado nesse ciclo vicioso? O público que quer consumir cada vez mais esse tipo de matéria ou os veículos de comunicação que também precisam dessa audiência?
Em meio a muito suspense e mistério, Lentes Avulsas convida os leitores a se permitirem analisar todos os ângulos de um fato, por maiores que sejam as evidências. Atual e crítica, a obra traz questionamentos necessários sobre a sociedade contemporânea e questiona: será que tudo o que vemos nos noticiários é realmente a verdade?
Ficha Técnica:
Título: Lentes Avulsas
Autor: Raphael Vitoriano
ISBN: 978-85-518-0854-2
Editora: Autografia
Páginas: 214
Formato: 14x21 cm
Preço: 35,00
Sobre o autor: Raphael Vitoriano é jornalista e administrador de empresas. É sócio-diretor de uma agência de publicidade e propaganda em Varginha/MG. Escreve desde os 10 anos. Foi repórter e colunista de jornais e blogs do Sul de Minas, onde publicava poesias, crônicas e contos literários. É um viciado em livros, filmes, novelas, séries e teatro. Para mais informações, entre em contato com o autor: (35) 99996-0922 ou [email protected].
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