Práticas, mas nocivas ao meio ambiente
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Em apenas um mercado de Gaspar, cerca de 150 mil sacolas plásticas são utilizadas por semana (Fotos: Kássia Dalmagro/Jornal Metas)
Projeto de lei quer reduzir o uso das sacolas plásticas no comércio de SC
Quando você vai ao supermercado, como você costuma guardar as compras? Certamente, ao ler esta pergunta, a resposta que vem à cabeça é: sacolas plásticas. Seu uso sempre foi muito comum entre os brasileiros pela praticidade e, até pouco tempo atrás, considerado inofensivo. Porém, de uns anos para cá, o uso da sacola plástica passou a questionado, principalmente por ambientalistas. Produzidas a partir do petróleo ou gás natural, dois tipos de recursos naturais não-renováveis, as sacolas plásticas levam mais de cem anos para se decompor no meio ambiente. Como a maior parte delas são descartadas de forma irresponsável na natureza, muitos são os impactos causados ao meio ambiente. Além da sujeira, as sacolas plásticas se tornam "depósitos" para a água da chuva e "berçários" para mosquitos, entupindo bueiros e causando a morte de muitos animais.
Apesar de todos os impactos ambientais, seu uso está longe de ser abandonado pelos consumidores. Somente em um supermercado de Gaspar, segundo a gerência, cerca de 150 mil sacolas plásticas são utilizadas semanalmente. O estabelecimento oferece sacolas ecológicas retornáveis nos caixas a um preço bastante acessível (R$ 2,99), mas poucos clientes se interessam. "É muito difícil alguém optar pela sacola retornável. Posso dizer que de cem clientes apenas um utiliza a retornável", afirma o gerente.
Fábio Scheidt, 36 anos, morador do bairro Sete de Setembro, admite que nunca pensou em usar as sacolas retornáveis, até porque para ele e maioria das pessoas as sacolas plásticas têm outra utilidade em casa: servem para acondicionar o lixo. "Além disso, costumo fazer compras em grandes quantidades. Sendo assim, eu precisaria de muitas sacolas retornáveis, o que não seria nada prático", justifica.
Já a moradora do bairro Bela Vista, Marceli Proencio, diz ter várias sacolas retornáveis em casa, mas não as utiliza. "Eu comprei as sacolas para usar no supermercado, pensando no meio ambiente, mas é muito raro utilizá-las", afirma. Marceli costuma parar no supermercado na volta do trabalho e só lembra das sacolas retornáveis quando entra no estabelecimento. "Minha mãe sempre me cobra. Ela não usa mais as sacolas plásticas", revela.
Nesta semana, a discussão sobre o uso das sacolas plásticas no comércio catarinense chegou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Na quarta-feira (3), uma audiência pública debateu um projeto de lei de autoria do deputado Aldo Schneider (PMDB). Segundo a proposta, os comércios terão de substituir as sacolinhas plásticas por outros modelos de material reutilizável e menos agressivo ao meio ambiente. "A ideia é que as empresas façam o processo inverso: recolham as sacolas para encaminhá-las à coleta seletiva e distribuam as embalagens de material reutilizável para seus clientes transportarem os produtos", explica o deputado. A audiência foi um dos últimos passos para que o projeto vá à votação.
Números
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas são consumidas no mundo anualmente. No Brasil, cerca de 1,5 milhão são distribuídas por hora. Para mudar esta realidade, alguns países adotaram medidas preventivas. Na Irlanda foi instituída a cobrança pelas sacolas plásticas em 2002. Desde então, o uso deste tipo de embalagem caiu 97%. Na China, a distribuição gratuita foi proibida, enquanto na Austrália, varejistas e governo assinaram um acordo para reduzir o uso de sacolas plásticas.
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