Festa ou viagem? Decisão difícil nos dias de hoje
Uma viagem para Orlando, na Flórida. Foi essa a escolha de Larissa Isadora Curbani para comemorar seu aniversário de 15 anos. Essa também é a escolha, anualmente, de outras 220 meninas da região, de acordo com a agente de viagens Ana Flávia Gofferjé. Larissa completou 15 anos no mês de abril e pode optar entre fazer uma festa ou viajar. "Na minha opinião, eu aproveitaria muito mais uma viagem, então conversei com minhas melhores amigas e fomos juntas", relembra Larissa.
Já para Maria Augusta, que completa seus 15 anos em setembro, uma festa foi a escolha para celebrar a data. Ter os amigos e familiares presentes para comemorar a data foi o que levou a jovem de Blumenau a optar pela festa. Atualmente, quando a escolha de uma menina para comemorar o aniversário de 15 anos é uma festa, as diferenças entre as gerações ficam ainda mais evidentes. "Elas querem sempre o melhor DJ, querem bartender e a decoração dos sonhos. O baile de debutantes mudou, agora é como uma balada", explica a cerimonialista Alexandra de Oliveira sobre a preferência das meninas.
Mudanças
O que mudou de 20 anos para cá é que a festa para marcar os 15 anos se transformou em uma noite de muito glamour, muito diferente de antigamente, quando tudo era mais simples, e a única intenção era realmente apresentar a menina/mulher à sociedade. Alexandra conta que atualmente uma festa simples custa em torno de 20 mil reais, e que as mais completas não saem por menos de 50 mil reais.
Completar 15 anos significa começar uma nova etapa. "É passar daa fase de 'ser criança' para outra, que é o amadurecimento de uma mulher", explica Maria Augusta. E apesar de ainda estarem no primeiro ano do Ensino Médio, o vestibular já é uma preocupação para as duas jovens. "No momento, minha maior preocupação é passar no vestibular e entrar em uma universidade", conta a blumenauense. Os planos de Larissa também já estão sendo moldados. "Sem dúvida pretendo me formar, construir uma família e viajar para vários países, para conhecer novas culturas", planeja a gasparense.
Origens históricas
As festas de 15 anos têm uma história que antecede a época da emancipação das mulheres. Quem explica é a historiadora e professora Sueli Petry. "A educação da mulher no século XIX era muito rígida. Quem escolhia os maridos para as filhas eram os pais. Não havia aquela preocupação com o amor", explica a professora. Com a Primeira Guerra Mundial, as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, em substituição aos homens que estavam no campo de batalha. "Nessa época, a mulher teve a oportunidade de lidar com o dinheiro, e agora ela tem vontade de ser ela própria, vontade de estudar. E ao terminar a Guerra, a mulher não quis mais voltar para a cozinha, não quis mais ser dona de casa. Ela quis permanecer no mercado de trabalho", revela a historiadora.
Já o homem, explica Sueli, queria a mulher no lar; a elite precisava formar moças para o casamento que soubessem bordar, atender bem uma visita, cozinhar e realmente ser uma administradora da casa. Essa preparação fez com que a mulher fosse frequentar escolas de formação específicas para moças. "Inclusive nós tínhamos, aqui em Blumenau, uma escola dessas", relembra a professora. Sueli recorda que para ser uma boa casadoura era preciso apresentar a menina para a sociedade. E isso acontecia quando elas tinham 15 anos. Era a forma de dizer que a menina já estava pronta para namorar, que agora ela era uma menina moça. "O baile das debutantes era uma grande festa, uma noite muito solene. O pai levava a menina pelo braço para dar uma volta pelo salão inteiro, a apresentado. E todas vestiam branco, já era a pré-noiva", completa. A passagem da infância e juventude, para apresentar-se à sociedade gerou esse baile, essa tradicional festa de 15 anos.
Segundo a professora, os bailes de debutantes estão voltando. Com a revolução da juventude nos anos 60, 70, no período da tropicália e do rock'n'roll a tradição tinha se apagado, se perdido. "Nos anos 60 as mulheres começaram a gritar pela sua liberdade. Vem a pílula anticoncepcional e as mulheres se libertaram, se liberaram", finaliza a historiadora.
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