No Dia dos Pais, a história de dois pais que também desempenharam o papel de mãe
No bairro Gasparinho, em Gaspar, não há quem não conheça Sérgio da Silva - "o pai das três meninas". Após separar da esposa, em 2001, ele ficou com a guarda de Luana Gabriela, Maria Eduarda e Júlia Carla. Na época, as meninas tinham seis, três e dois anos, respectivamente. A tarefa de cuidar, sozinho, das três filhas não foi nada fácil - mas Sérgio deu conta do recado. "Logo depois que me separei fiquei quase um ano sem sair de casa, só cuidando das meninas. Abri mão de muitas coisas, eu vivi para elas. Mas não me arrependo de nada. Faria tudo de novo", emociona-se. Rizicultor, Sérgio dividia seu tempo entre a lida nas plantações e cuidados com as filhas. "Minha mãe me ajudou muito, assim como as minhas irmãs. Este apoio foi fundamental", reconhece o agricultor.
Apesar do dia sempre "corrido", Sérgio fez questão de participar da vida das filhas, principalmente na escola. "Era engraçado, pois nas reuniões só havia mães. Eu era o único pai", recorda-se. Era ele também quem acompanhava Luana, Maria Eduarda e Júlia nas aulas de dança e, no Dia das Mães, era ele quem estava na escola para receber a homenagem. "Foi bem trabalhoso criar minhas filhas sozinho, mas valeu toda a doação. Hoje estou colhendo os frutos dessa dedicação", garante orgulhoso o pai. Luana, 22 anos, é formada em Gastronomia; Maria Eduarda, de 19, cursa Moda e, Júlia, de 18, faz Engenharia. "Sempre conversamos sobre tudo. Nunca existiu tabus entre nós. Até mesmo quando elas se tornaram moças, foi eu quem as orientei".
Hoje, com as filhas já criadas, Sérgio retoma, aos poucos, antigos hábitos que havia deixado para trás, como andar de moto. "Faz cinco anos que voltei a viajar de motocicleta", afirma.
Para as filhas, o pai é só orgulho. "Ele é um paizão, faz de tudo por nós. Não há palavras para descrevê-lo", ressalta Luana. Segundo ela, Sérgio nunca deixou faltar nada para nenhuma das filhas. "Ele é uma pessoa muito correta, que gosta de fazer tudo da maneira certa. Somos muito gratas pelo pai que temos".
Jornada dupla
A mesma responsabilidade de Sérgio teve o morador do bairro Coloninha, Carlos Alberto Correia. Ele e a ex-mulher se separaram quandos os filhos - Alex Carlos e Pamela Suele tinham apenas dois e um ano, respectivamente. A mãe não tinha condições de criar os dois filhos e Carlos não hesitou em ficar com as crianças. "Em momento algum tive dúvida em ter a guarda dos meus filhos. Eu faria qualquer coisa para criar meus filhos", afirma. E dedicação às crianças não faltou. Carlos conta que sempre teve o sonho de se casar e ter um casal de filhos. "Infelizmente o casamento não deu certo, mas tive meus dois filhos. Não fiquei com medo de cuidar deles sozinho, pois a vontade de estar com eles sempre foi maior".
Para não deixar faltar nada para as crianças, Carlos teve que trabalhar dobrado: além de dois empregos em duas empresas diferentes, ele ainda fazia alguns "bicos". "Para conseguir desconto na mensalidade da creche, por exemplo, eu fazia alguns serviços e reparos no local", lembra. Enquanto estava no trabalho, era sua mãe, Lerontina Correia, quem cuidava de seus filhos. "Minha mãe me ajudou muito. Na época, ela se mudou para a nossa casa".
Alex tem hoje 26 anos e já está casado e Pamela Suele também já tem sua própria família. Mãe da pequena Laura, de seis meses, a empresária fala com carinho do pai. "Nunca sentimos falta de nada, pois meu pai sempre preencheu qualquer vazio que pudéssemos sentir. Tenho muito orgulho dele e de tudo que fez para nos criar. Se ele não tivesse escolhido ficar conosco, não sei o que seria de nós hoje", emociona-se Pamela. Até hoje, Carlos não encontrou uma nova esposa. "Meus filhos sempre foram a minha prioridade e, se tivesse que escolher, faria tudo de novo", resume o pai emocionado.
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