Maria Helena Spengler esteve em Marajó entre abril e maio
A voluntária durante missão com as crianças das comunidades ribeirinhas / Foto: Arquivo pessoal/
Entre os meses de março e abril deste ano, a gasparense Maria Helena Spengler, 61 anos, viveu uma experiência que marcou para sempre a sua vida. Durante o período da quaresma, a voluntária do Rotary Club de Gaspar participou de uma missão na Prelazia de Marajó, no Pará (PA), onde atua, desde 2016, o bispo gasparense Dom Evaristo Spengler. Maria Helena embarcou nesta jornada acompanhada da professora aposentada Clarice Spengler. "Dom Evaristo esteve em Gaspar em janeiro do ano passado e, na oportunidade, nos contou como era a vida lá. Me interessei e, neste ano, decidi que durante a quaresma eu iria para lá, para fazer minha parte por aquelas pessoas", diz. A voluntária soube por Dom Evaristo que em algumas comunidades as crianças nunca haviam visto brinquedos. "Iniciamos uma campanha em Gaspar e felizmente conseguimos arrecadar muitos brinquedos e livros. Recebemos a ajuda de uma amiga especial, que custeou o transporte do material até lá", explica.
A missão aconteceu em três comunidades ribeirinhas, banhadas pelo rio Tajapuru. "São pessoas que vivem completamente isoladas, então quando chegávamos nestas comunidades era uma festa", recorda. Durante as visitas, os voluntários da missão interagiam com as crianças, contando histórias e entregando os brinquedos. "Considero esta missão um presente de Deus, foi a coisa mais linda que já fiz na minha vida até hoje", emociona-se Maria Helena. Ela explica que este trabalho durou quase uma semana e que o grupo passava as noites em um barco, dormindo em redes. Nos outros dias, Maria Helena acompanhou Dom Evaristo em suas visitas às paróquias onde atua - regiões muito pobres e marcadas pela violência.
"Marajó é um lugar totalmente esquecido pelos governantes, não conseguimos nem imaginar como é a vida lá. O que mais me chamou a atenção é a impunidade, é como se fosse uma terra sem leis", conta a voluntária. Ela também chama a atenção para a falta de oportunidades. "Não há indústrias, comércios... os únicos empregos são os cargos nas prefeituras. Isto acaba deixando os jovens sem oportunidades, indo para o caminho das drogas ou cometendo suicídio", emociona-se. A voluntária também denúncia a cultura do estupro e tráfico humano. "É uma realidade muito dura, fiquei muito abalada com as coisas que eu vi e ouvi. Todas as noites eu pedia a Deus para me ajudar a conter minha revolta, pois não fui para lá para isso, eu fui para me doar".
Maria Helena com Dom Evaristo, Dom José Azcona e padre Antônio / Foto: Arquivo pessoal/
Maria Helena sempre foi dedicada ao voluntariado mas diz que até hoje não havia vivenciado nada parecido com o que passou no Pará. "Foi uma experiência muito gratificante, que serviu para eu evoluir espiritualmente e pessoalmente e aprender a não reclamar, além de aprender a ser menos consumista. Cresci demais como pessoa nesta missão e voltei com o propósito de praticar ainda mais a tolerância e paciência", emociona-se. Outra lição que a voluntária trouxe na bagagem foi aprender a não reclamar. "Tinha dias que eu ficava pensando que todos nós deveríamos sair da nossa zona de conforto e viver uma experiência como essa para valorizarmos ainda mais o que temos em nossa região. Aqui também existe corrupção, impunidade, mas nada se compara ao que eles vivem lá", reflete.
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