Frei Godofredo promoveu diversas atividades para marcar a data
A sexta-feira (17) foi movimentada e bem diferente para os alunos da Escola Frei Godofredo, no bairro Sete de Setembro. Durante todo o dia, foram promovidas no educandário atividades para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. O evento, multidisciplinar, foi realizado pelo quarto ano consecutivo na escola e, nesta edição, teve como tema "Conhecer para Valorizar". A professora de Artes, Ângela Maria Rosa Custódio, foi uma das idealizadoras do movimento.
"A contribuição dos negros na cultura brasileira sempre teve uma imagem camuflada ou até mesmo esquecida. Este foi o fator que me motivou a lançar a ideia na escola. O movimento foi recebido de braços abertos pela direção e professores e, desde então, a ação é realizada na escola", explica. A professora, que é afrodescendente, explica que um dos objetivos é fazer com que os negros se reconheçam e se assumam. "Na verdade, é um movimento para os negros e para os não negros. A ideia é fortalecer a autoestima do afrodescendente, que na maioria das vezes tem vergonha de assumir sua origem, e também mostrar para os brancos que as diferenças existem e que elas precisam ser respeitadas", alerta. E, para a professora, são iniciativas como esta que irão mudar a realidade do país, tornando a sociedade menos racista e preconceituosa. "É um assunto que precisa ser amplamente discutido. Tenho certeza que nesse aspecto nossa escola será bem diferente daqui a 10 anos", ressalta.
O evento contou com apresentações artísticas, contação de histórias e uma oficina para os alunos aprenderem a confeccionar uma Abayomi - um tipo de boneca feito pelas mães negras para acalentar os filhos durante as viagens a bordo do navio que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil. "Além disso, os alunos escolheram 12 livros com personagens negros que estão disponíveis no acervo da nossa biblioteca e confeccionaram um boneco de cada personagem, com um diário de bordo. Estes bonecos ficarão na biblioteca e o aluno que pegar emprestado um destes livros poderá levá-lo para casa também", afirma a professora. A ideia é que, assim, os alunos possam levar a discussão para dentro de suas casas, registrando a experiência no diário, indo além dos portões da escola.
O movimento contou ainda com a participação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e do Grupo Muzenza de Capoeira. "A escola está de parabéns em promover um evento como este. Se queremos fazer a diferença, o caminho é pela educação. E, se nesse processo não fazermos com que os alunos pensem no outro, principalmente naquele que está invisível, a educação perde todo seu sentido", ressalta o mestre Tigre, coordenador do grupo e professor na Furb e Unifebe. Ele, que também é afrodescendente, afirma que os negros sofrem racismo e preconceito todos os dias no país. "O que ocorre é o apagamento da capacidade intelectual dos negros e isso é feito com muita perversidade. Por isso, é fundamental a promoção de ações como esta realizada na escola. Precisamos resignificar a história e o que é ser negro", enfatiza.
Almoço
Também em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, o Movimento Raízes do Vale promove neste fim de semana um evento em Gaspar. O encontro será domingo (19) e terá início às 10h, com uma missa na capela Santa Terezinha. Após a celebração religiosa, a comunidade está convidada para participar de um almoço, com completo buffet e serviço de bar. O cartão custa R$25,00 e pode ser adquirido antecipadamente na loja Xodó Som, no Centro de Gaspar. O evento contará com apresentações de dança, rodas de capoeira e sorteio de brindes. O encontro, aberto ao público em geral, será animado pelo show da Confraria do Samba. A expectativa da organização é que cerca de 500 pessoas prestigiem o evento.
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