A chegada dos italianos, tiroleses e até suíços trouxe grande desenvolvimento para a região
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Reprodução em óleo sobre tela do primeiro barracão dos italianos / Elio Hahnemann - 1990 / Foto: Arquivo Histórico Gaspar/
Bairro distante de Gaspar, o Barracão sempre teve grande importância econômica pela sua localização geográfica: limites com os municípios de Brusque, Ilhota e Itajaí. Hoje, juntamente com o Bateias, segue sendo fundamental para Gaspar, com centenas de pequenos negócios, a maioria voltado para o setor têxtil. Pequenas facções, boa parte delas anexas às próprias residências, garantem o sustento de milhares de famílias. Dizem que no Barracão e Bateias só não trabalha quem não quer, pois existe sempre falta de mão de obra.
Entre as principais peculiaridades está a sua colonização. Os primeiros moradores eram de origem portuguesa, na época chamados "brasileiros", mas foi a partir de 1875, com a chegada dos italianos, que a região mudou sua característica étnica e econômica. Desta época contam-se muitas histórias, como a da própria origem do nome Barracão, que se deu porque os colonos imigrantes se instalaram sob um enorme barracão enquanto aguardavam pela demarcação e posse dos seus lotes. Essa enorme cobertura foi erguida próximo onde hoje está a escola Marina Vieira Leal. Eram famílias italianas, tirolesas e suíças que vieram de navio da Europa, fugindo da miséria que havia se disseminado no continente na segunda metade do século XIX.
A região da Bateias não era totalmente desabitada. Nela já residiam muitos brasileiros, cuja maioria trabalhava para o coronel José Henrique Flores, um homem de muitas posses, que plantava grande quantidade de milho e mandioca. A sede da fazenda ficava no Pocinho, próximo aonde hoje é o Ribeirão das Canas. Aliás, a vinda dos italianos para a Freguesia de São Pedro Apóstolo (na época era esse o nome de Gaspar) trouxe dores de cabeça para o coronel. Insatisfeitos com a infertilidade do solo e a topografia acidentada, os italianos se rebelaram e invadiram parte das terras do coronel, permanecendo por algum tempo como posseiros. O fato teve grande repercussão estadual e a rixa somente foi resolvida com uso da Força Nacional que retirou os posseiros das terras.
Nesta época também viviam no Barracão e Bateias várias famílias que tinham como atividade principal o transporte de boi, vacas e cavalos. Eram chamados tropeiros. As viagens eram longas e cansativas.
No livro Memórias Gasparenses - Volume III - de autoria da professora e pesquisadora Leda Maria Baptista, consta a lista de algumas famílias italianas que se instalaram no Barracão: Alberici, Benvenutti, Barbi, Beduschi, Bertoldi, Bolomini, Bendini, Censi, Costa, Dalla Benetta, Dalcastagne, Da Lago, Fontana, Galassini, Lenzi, Lira, Luchini, Lana, Marchetti, Nicoletti, Ogliari, Pauli, Polli, Tomio, Zuchi, César, Roncáglio, Fantoni, Melatto, Tonioli, Prebianca, Castelini, Venturini, Zendron, Sansão, Gaia, Dalsóquio, Berti, Gastaldi, Assini e Saragossa. Descendentes destas famílias, prioritariamente, se casavam com italianas, mas também houve união entre italianos e mulheres de origem portuguesa e até com bugras.
Muitas destas famílias progrediram e, no centro, do pequeno vilarejo, onde havia sido erguido o primeiro barracão, surgiu um próspero comércio onde se vendia de tudo até porque uma viagem ao centro da Freguesia era muito demorada, podendo levar até um dia dependendo do clima.
Entre os comerciantes do Barracão, no começo do século XX, estava Amadio Beduschi. Na época, ele contratou um professor alemão para dar aulas para seus filhos e realizar os serviços de guarda-livros. A partir daí, outros professores vieram ensinar as crianças, mas pra fins históricos a primeira escola pública do Barracão funcionou na casa de Amadio Beduschi.
Por volta de 1920, o Barracão era lugar de movimento e progresso. A paróquia São Luiz Gonzaga de Brusque providenciou a vinda das irmãs catequistas que receberam a função de professoras. Esse foi o período áureo do Barracão, segundo a memória dos anciãos.
Óleo Grande
As terras da localidade do Óleo Grande fazem parte do bairro Barracão e estão ligadas historicamente ao fazendeiro José Quintino, natural da Terra Nova Tijucas. Nas terras de Quintino havia muita madeira, entre elas uma grande árvore do tipo óleo. Amadio Beduschi adquiriu parte dessas terras e instalou próximo ao óleo uma serraria movida à água represada em lagoas. Esta árvore foi uma das primeiras a ser cortada para a serraria. Mais tarde, Amadio vendeu suas terras para João Bendini e este para a Artex empreender reflorestamento. A árvore era tão grande que, até hoje, toda região onde ela estava situada recebe a denominação de Óleo Grande.
Com a chegada de muitos imigrantes nas terras marginais ao rio Itajaí-Mirim, realizou-se o serviço de demarcação das terras, oportunidade em que o alemão João Olinger obteve grande extensão de terras. Por ali também se instalaram as famílias Bendini, Benassi, Maraschi, Andrietti, entre outros.
A Nossa Senhora do Rosário
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Até o começo deste século, ninguém sabia ao certo em que data havia sido fundada a Igreja Nossa Senhora do Rosário. Alguns acreditavam que ela teria 70 anos, outros arriscavam 80. A confirmação da data exata ocorreu quase por acaso. Em 2001, o morador Elias Anísio Lana encontrou no lixo de uma antiga gráfica aos fundos de sua casa um registro de toda a história da construção da Nossa Senhora do Rosário, escrito por Fortunato Gabriel Melato, primeiro presidente do Conselho Administrativo da Paróquia. Elias percebeu a importância dos registros e, além de aprofundar sua pesquisa sobre a história da igreja, guardou todo o material que encontrou. Ele tem inclusive documentos com mais de 100 anos.
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