
O legado artístico de Élio Hahnemann em exposição e livro

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A exposição fica aberta ao público somente nesta quinta-feira, dia 19 (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
Trinta e cinco telas, que retratam um período da história de Gaspar, estão em exposição, somente nesta quinta-feira, dia 19, no Gueda Espaço & Eventos, em Gaspar
Uma exposição reunindo 35 obras do artista plástico Élio Hahnemann, no Gueda Espaço & Eventos, em Gaspar, resgata não apenas a beleza de suas criações, mas também a trajetória de vida marcada pela superação e pela dedicação à arte. Aberta na terça-feira (17) e disponível para visitação até essa quinta-feira (19), a mostra reafirma a importância do artista para a história das artes plásticas em Santa Catarina, com especial atenção para o Vale do Itajaí. Juntamente com a exposição, que também celebra os 45 anos do Grupo Lince, foi lançado o livro “Élio Hahnemann e Gaspar”, que também está disponível em e-book na plataforma Decola Lince.

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Élio Hahnemann em 2002 (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
Élio faleceu em 2006, aos 47 anos, vítima de uma doença rara: a epidermólise bolhosa (EB), condição que fragiliza a pele e provoca feridas constantes, impondo desafios físicos extremos. Filho de pai gasparense e mãe nascida em Pomerode, Élio iniciou sua trajetória nas artes plásticas antes de completar 12 anos de idade. Sua paixão pelas cores, formas e traços o levou a se tornar professor de desenho e pintura, especializando-se em técnicas como óleo sobre tela, aquarela e grafite.
Ao longo da vida, o artista produziu e comercializou uma grande variedade de obras, retratando paisagens, naturezas-mortas e cenas representativas do cotidiano do Vale do Itajaí. Mesmo com as limitações impostas pela doença, Élio jamais deixou que a condição física definisse os limites de sua produção artística. Enfrentou inúmeras cirurgias nas mãos e chegou a utilizar suportes metálicos adaptados para conseguir segurar pincéis e outros materiais de trabalho. A amputação de uma perna, posteriormente substituída por uma prótese, também não interrompeu sua rotina de criação. Pelo contrário, o artista tornou-se símbolo de perseverança e paixão pela arte e a cultura.
Entre 1987 e 1990, Élio deu uma de suas maiores contribuições para a memóriahistórica e cultural de Gaspar. A convite da Fundação Frei Godofredo, criada pela Lince – holding que controla as empresas Círculo S.A. e Plasvale - o artista produziu diversas telas e ilustrações em grafite que retratam aspectos históricos de Gaspar.

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Regina, Arlete, Eliane, Marli e Leda (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
As telas são resultado unicamente da memória afetiva de antigos moradores. Revelam cenários da economia rudimentar e a paisagem urbana de uma época onde os registros de imagens eram raridade. Neste trabalho, Élio teve a parceria da pesquisadora Leda Maria Baptista. “Eu acompanhava o Élio porque conhecia as famílias e sabia da importância de cada lugar. Ele levava uma máquina fotográfica para registrar o espaço. Então, o familiar ia contando como era a casa, quantas janelas, se era de palha, se era alta do chão, ou de alvenaria, enfim, a memória saudosa que a pessoa nos transmitia com carinho. Quando a tela ficava pronta, nós voltávamos lá na casa do familiar para mostrar o resultado”, conta Leda.
Ela destaca que a Lince nuncas viu esse trabalho como despesa, mas sim como investimento em cidadania. “Isso é muito animador quando se trabalha com gente que pensa assim, porque você não se sente fazendo serviço para o outro, mas sócio da ideia”, observa a pesquisadora. As obras de Élio Hahnemann são parte do acervo permanente da Lince e decoram as salas da empresa.
A exposição, que marca os 45 anos da Lince, é uma homenagem a esse legado. Emocionada, Regina Hahnemann, 90 anos, mãe do artista, disse estar simplesmente sem palavras para agradecer a homenagem ao filho. Ela recorda que Élio ficou praticamente dois anos apenas trabalhando nas telas sobre Gaspar. “Ele nunca desistia, era sempre muito positivo, apesar das dificuldades. O meu filho se empenhava com muito amor no trabalho artístico”, enfatiza.

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Uma breve apresentação sobre a história do Grupo Lince e sua ligação com a história (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
Regina lembra que a veia artística do filho começou a despertar nos primeiros anos da escola. “Ele fazia cartões de Natal e de Páscoa; nós percebemos nele esse dom artístico e passamos a estimulá-lo. O pai o matriculou em diversos cursos de desenho”, revela.
Entre as obras retratadas por Élio, uma é especial para a família, pois trata-se da casa do avô paterno do artista. “Nós vínhamos muito a Gaspar visitar o meu sogro, Carlos Hannemann”, enfatiza Regina.
Primeiro presidente da Fundação Godofredo, Élcio de Souza relembra do incentivo dado pelo então presidente da Círculo, Leopoldo Schmalz. “Ele teve a ideia de criarmos um acervo histórico de Gaspar, que depois se transformou num livro, e no atual arquivo histórico de Gaspar, mas precisávamos de alguém para ilustrar tudo isso, recriar algumas imagens a partir dos relatos das pessoas de como era determinada propriedade ou região no passado, e o Élio foi convidado a fazer parte desse projeto. Eu tive a honra de ter participado do começo desse processo”, concluiu Élcio.
Conteúdo disponível no Decola Lince
odo o acervo das obras de Elio Hahnemann está preservado no Arquivo Histórico Documental Leopoldo Jorge Theodoro Schmalz, em Gaspar, disponível para consulta pública. E aproveitando-se da tecnologia, a Lince incluiu todas as 35 telas da exposição e outras seis feitas na técnica Crayon, que utiliza giz ou lápis de cera, em um e-book na plataforma Decola Lince, desenvolvida pela Lince Tech.
CEO do Grupo Lince, Eduardo de Oliveira, explica que esse é o primeiro conteúdo aberto à comunidade na plataforma, já que o decola Lince até então era voltada exclusivamente para cursos destinados ao público interno.
“A Decola Lince é uma plataforma de desenvolvimento de pessoas, onde nós temos vários cursos. É bastante complexa, bem robusta. E recebe agora todo esse conteúdo e os e-books da mostra do Élio Hahnemann

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O livro com as obras de Élio Hahnemann pode ser acessado na plataforma Decola Lince (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
Eduardo afirma, ainda, que a exposição e o e-book são um movimento do Grupo Lince, de mais de 30 anos, em favor da história de Gaspar. “O seu Leopoldo foi visionário ao investir na preservação da nossa cultura e da nossa história. E como ele sempre diz, precisava entregar um presente para quem visita Gaspar. Algo que não tem preço, e foi criando essas obras para compor um livro. Um livro bem raro. Algumas pessoas que nos visitam até hoje tem a honra de receber o livro. E nós não poderíamos parar só naquele livro. E não se trata de uma reedição, é outro trabalho, mais focado no olhar do Élio. Por isso, este novo livro se chama “Élio Hahnemann e Gaspar”, reforça Eduardo.
Em seu discurso, o presidente do Grupo Lince, Leopoldo Schmalz, disse que sempre pretendeu que as pessoas tivessem cultura e se preocupou com a história. “O resgate da história é, talvez, a coisa mais importante de um valor que não tem preço”, afirmou, acrescentando: “o mais importante não é casa onde moramos, mas onde mora a nossa casa.”
Aproveitando as palavras do presidente da Lince, o prefeito Paulo Koerich pontuou que o importante é sabermos que a casa dentro de nós tem passado e quem não respeita o passado não tem futuro. “Temos a obrigação de preservar aquilo que nos antecedeu, fazer com que as gerações futuras tenham melhor conhecimento do passado”, concluiu.
Élio Hahnemann e Gaspar é a oportunidade para que as novas gerações conheçam um pouco mais da história de Gaspar criada a partir do talento e da resiliência de um artista que fez da arte um propósito de vida.

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Paulo Koerich, prefeito de Gaspar (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
"Temos a obrigação de preservar aquilo nos antecedeu", Paulo Koerich, prefeito de Gaspar

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Leopoldo Schmalz, presidente do Grupo Lince (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
"O mais importante não é a casa onde moramos, mas onde mora a nossa casa". - Leopoldo Schmalz, presidente do Grupo Lince

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Regina Hahnemann (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
"Ele nunca desistia, era sempre muito positivo, apesar das dificuldades." - Regina Hahnemann, mãe de Élio Hahnemann
Leda Baptista (Fotos: Kassiani Borges/Jornal Metas)
"Você não se sente fazendo o serviço para outro, mas sócio da ideia". - Leda Maria Baptista, pequisadora
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Uma breve apresentação sobre a história do Grupo Lince e sua ligação com a história (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Regina, Arlete, Eliane, Marli e Leda (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Regina Hahnemann (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Leda Baptista (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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O livro com as obras de Élio Hahnemann pode ser acessado na plataforma Decola Lince (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Élio Hahnemann em 2002 (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Paulo Koerich, prefeito de Gaspar (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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Leopoldo Schmalz, presidente do Grupo Lince (Kassiani Borges/Jornal Metas)
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