Por Alexandre Melo / Interino
Colunista pode opinar? Então lá vai a minha opinião sobre essa história da Ponte do Vale. Primeiro, a empreiteira tinha condições de concluir a obra, só não o fez porque os repasses de recursos estavam atrasados mais uma vez e as empresas por ela contratadas abandonaram o serviço. A empreiteira pressionou a prefeitura que, por sua vez, cobrou da Caixa Econômica Federal, que é um poço de burocracia. Sem algo concreto, a empreiteira, que já havia colocado dinheiro na frente em outras oportunidades, decidiu puxar o freio de mão desta vez. Ou seja, a falta de recursos é que atrasou a conclusão da Ponte do Vale e continuará atrasando. Enquanto não pagarem a empreiteira a obra não termina. A Pacopedra, principal terceirizada da obra, está sendo convencida a retornar ao canteiro de obras, foi o que disse o chefe de gabinete da prefeitura. Se tiver dinheiro, ela volta.
Ponte 2
Apressado e pressionado, o ex-prefeito Celso Zuchi acordou um dia, calçou os sapatos e decidiu que iria inaugurar a ponte antes de 31 de dezembro. Cumpriu a promessa passando por cima inclusive de uma lei que ele mesmo sancionou que não permite a inauguração de obras inacabadas. Fala-se em 95% da obra concluída, acho que não. É bem mais, porque antes de três meses a ponte não será reaberta, é o que dizem o prefeito Kleber Wan-Dall e a própria empreiteira.
Ponte 3
A tal de obra inacabada chegou aos ouvidos do Ministério Público, que resolveu entrar na história, embora tardiamente. Recomendou que a ponte seja reaberta somente com 100% concluída. Aí, eu já acho exagero. A ponte tem que ter segurança para a travessia de veículos e pedestres. E o que é segurança? A colocação definitiva das tais juntas de dilatação, acessos e sinalização (iluminação não conta, caso contrário teria que mandar fechar a ponte de Ilhota). Ajardinamento, pintura e outras coisas mais podem ser feitas com a ponte reaberta. O MP vai precisar ter bom senso, não pode radicalizar, porque o povo tá querendo demais essa ponte.
Ponte 4
Tem ainda o fato político, que foi o ex-prefeito Celso Zuchi colocar duas placas na ponte (essa eu nunca vi!). Uma delas, ele diz que foi presente da família e de amigos. Pois foi justamente essa que ele descerrou em frente às câmeras de TV e flashes. A outra tá tão escondida que foi difícil até a reportagem encontrá-la na cabeceira da ponte na margem direita. Tudo foi pago do bolso alheio, não tem dinheiro público. Menos mal, porém, Zuchi vai ter que provar, pois o MP já tá de olho neste gasto supérfluo, além das despesas com foguetório, som, sinalização provisória e até o churrasco que foi servido atrás do João dos Santos. Tem que tá tudo documentado. Eu tenho cópias de algumas notas fiscais comigo, porém, não batem com os custos e nem são as empresas que o MP diz terem feito o serviço. Portanto, acho que ex-prefeito ainda vai se incomodar com essa história de obra inacabada.
Ponte 5
Por fim, se a lei diz que não pode inaugurar obra inacabada então a solenidade de 23 de dezembro torna-se nula e uma nova cerimônia deveria ser realizada, com o descerramento da placa que realmente homenageia o ex-prefeito Dorval Rodolfo Pamplona e não aquela feita pelos amigos do ex-prefeito, que tem Celso Zuchi em letras "garrafais". Porém, o MP já disse que não quer mais gente engravatada descerrando placa na ponte. E mais uma coisa: essas são apenas recomendações do MP. A prefeitura não era obrigada a obedecer, mas acabou aceitando para não se incomodar ou então para, enfim, gerar o fato político pretendido.
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