É fato que o poder público é lento e omisso em questões primordiais para a melhoria da qualidade de vida do cidadão. Fica cada vez mais evidente o distanciamento das obrigações que lhe competem da realidade vivida por milhões de pessoas.
A morosidade é tanto, que se espalha entre a população o vírus da resignação e até da resiliência, ou seja, das pessoas voltarem ao seu estado normal mesmo depois de uma situação catastrófica. É o caso do evento climático de 2008, para muitos esquecido. Todavia, próximo de se completar dez anos daquele acontecimento ainda existem pessoas que sofrem com a tragédia. No loteamento Arábia Saudita, na Margem Esquerda, vivem 70 famílias que ainda não conseguiram recuperar a qualidade de vida que tinha antes de novembro de 2008. Foram retiradas de áreas de riscos e colocadas em outra de risco ainda maior, ou seja, a do risco do esquecimento e do abandono, que as tornam orfãs de ninguém.
Nesta semana, o governo municipal anunciou uma obra aguardada por muitos anos: a reurbanização do loteamento. Todavia, a resignação é tamanha, que os moradores não conseguem acreditar que a obra finalmente vai sair do papel. E, para nós, que acompanhamos todo esse drama também é difícil crer que exista dinheiro suficiente e que os prazos serão cumpridos. Todavia, repete-se uma velha e surrada frase: "a esperança é a última que morre".
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