Neste mesmo espaço, há uma semana, escreveu-se que havia uma total falta de diálogo entre Executivo e servidores públicos na questão do auxílio-alimentação. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Era essa, mais ou menos, a ideia que tentamos expor aos dois lados. Evidente que a iniciativa de negociar deveria partir do governo, pois foi ele que criou a celeuma ao mudar algo que vinha sendo feito há mais de duas décadas.

Economizar R$ 2 milhões e perder bons dividendos políticos não estava nas contas do prefeito, Kleber Wan-Dall, que mais uma vez mostrou inabilidade no diálogo com a categoria ao usar um aplicativo de conversa para conclamar seus pares a defender, com unhas e dentes, a proposta do prêmio assiduidade. No meio de toda essa confusão, faltou ainda sensibilidade ao governo ao declarar, de alto e bom tom, que os funcionários públicos são faltosos ao trabalho e, muitas vezes, faltam injustificadamente. Tal declaração, no calor do debate, torna ainda mais ásperas as relações, dificulta o diálogo e reduz as expectativas de que a categoria venha a aprovar a proposta do Prêmio Assiduidade, que vai substituir o polêmico auxílio-alimentação. Há, ainda, a lembrar que o auxílio-alimentação não é uma obrigação constitucional. Portanto, o governo pode, a qualquer momento, extinguir o benefício. E aí, caros leitores, fica um questionamento para se pensar até o próximo dia 10 de setembro, data da assembleia: Se os funcionários públicos recebessem um salário digno, estariam eles precisando lutar por um vale-alimentação de R$ 430,00?