Falar da violência contra a mulher é sempre complicado.  Algoz e vítima vivem, na maioria das vezes, sob o mesmo teto e em algum momento da vida tiveram uma boa relação que se deteriorou por motivos que ambos preferem não revelar. Muitas vezes, a vítima sente-se acuada. Por isso é tão difícil para a autoridade policial e a própria Justiça invadirem o terreno da violência contra a mulher. Todavia, as últimas estatísticas em Gaspar mostram que algo precisa ser feito, afinal, uma mulher é vítima de violência a cada 24 horas em nossa cidade. Esse dado poderia ser ainda mais assustador se houvesse no município uma delegacia especializada ou que as mulheres pudessem ser atendidas dignamente, sem o constrangimento psicológico de relatar a agressão a outro homem. Por conta da falta de infraestrutura, muitas preferem o silêncio. Gaspar está muito distante de políticas e ações eficazes em defesa da mulher. Tanto é verdade que o Ministério Público se interessou pelo assunto. E uma das ações, elogiável sob todos os aspectos, é a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, proposto pelo MP e agora atendido pelo Executivo que enviou projeto de lei à Câmara de Vereadores. Trata-se do primeiro passo para efetivamente fazer valer os direitos das mulheres em Gaspar. É um sinal de evolução em um tema sempre varrido para debaixo do tapete. É preciso mudar essa realidade que causa tanta dor e constrangimento às vítimas, mas que também enrubece de vergonha a nossa sociedade.