O Brasil segue politicamente dividido entre "nós e eles". Uma disputa por poder nada saudável, que coloca em risco a nossa frágil democracia. A imprensa tem tido um papel importante nesta cisão, tanto na construção quanto na desconstrução da estabilidade. Isso por conta de rusgas entre o governo e setores da chamada grande imprensa. Não cabe a nós opinar sobre quem tem ou não razão, apenas lembrar que a imprensa é livre, mas essa liberdade tem limites. A cada semana, a sociedade é bombardeada por notícias que desestabilizam o governo e tiram o foco de assuntos bem mais urgentes e importantes para a nação.

Reportagem veiculada essa semana pela TV Globo, num suposto envolvimento do presidente Jair Bolsonaro com a morte da vereadora Marielle Franco, ocorrida em março de 2018, lança dúvidas sobre até onde pode a imprensa divulgar informações que correm em processos judiciais sigilosos, muito mais quando envolvem a mais alta autoridade do país. A fragilidade do sigilo preocupa na medida em que o vazamento de informações pode, inclusive, atrapalhar as investigações. Por outro lado, quando se antecipa suspeitas corre-se o risco do prejulgamento, o que não é nada bom quando se trata de um presidente da República. Quando isso acontece, invadimos o terreno perigoso da falta de respeito à hierarquia e às instituições. Um passo para o anarquismo.