Os últimos acontecimentos, na reta final do segundo turno das eleições, mostram o descontrole do processo eleitoral e o descrédito na instituição responsável pela fiscalização. Não é de se estranhar que um condenado em cumprimento de sentença por ameaças à democracia venha a público destratar uma das ministras do STF, e que este mesmo bandido guarde em sua residência um arsenal de armas e munições capazes de fazer frente à força policial que estava lá para cumprir a determinação judicial. O ex-deputado Roberto Jefferson, velho conhecido da política por ter embarcado em um dos maiores escândalos de corrupção do pais, o Mensalão, e depois, para se livrar da cadeia, tenha aceitado a delação premiada, já deveria estar atrás das grades há muito tempo. A justiça foi complacente ao lhe dar o benefício da prisão domiciliar. Sua desfaçatez diante do crime que acabara de cometer - tentativa de homicídio contra policiais - chegou às raias do absurdo, do cinismo e da hipocrisia em rede nacional, talvez achando que sairá mais uma vez impune. Ele assim age porque entende que a justiça o persegue. O surgimento deste personagem nefasto na reta final da campanha coloca um ponto de interrogação à cerca de quais foram de fato as suas intenções. Até então se sabe que ele decidiu se expor e depois cometeu um crime gravissímo de tentativa de homicídio. Tudo leva a crer que Jefferson agiu por conta própria, na loucura de virar mártir. Felizmente o tiro ou os tiros saíram pela culatra.