O clientelismo, o toma lá, dá cá, o empreguismo e o fisiologismo sempre conviveram abertamente no setor público. Em determinadas épocas, eles são mais acentuados, em outras menos, porém, nunca deixam de compactuar com a governabilidade, pois os interesses econômicos e políticos sempre estão acima das intenções de melhorar a vida em sociedade. De tanto perseguirem o poder a qualquer custo, os políticos criaram dependências que o impedem de cumprir aquilo que prometem ao povo nas campanhas eleitorais.
Portanto, nada de extraordinário, embora revoltante, a notícia de que mais um presidente da República está envolvido na rede de corrupção que se instalou nos poderes constituídos do País. Desde que recuperamos a democracia, há quase quatro décadas, nenhum deles escapou de denúncias, afinal, como chefe da nação é o presidente o mais assediado e quem dá a palavra final. É impossível, com o  sistema vigente, não compactuar das sacanagens feitas à luz do poder. O que a sociedade não tinha até então era acesso à informação e a liberdade de protestar. Com a tecnologia existente ficou mais difícil esconder os atos de corrupção. Esse será o grande trunfo da sociedade brasileira, daqui pra frente, na tentativa de reduzir os inescrupulosos índices de corrupção no setor público. Acabar com ela, não será possível, pois enquanto o capital for a moeda de troca para se chegar ao poder, vamos continuar a produzir uma legião de homens corruptíveis.