A decisão do ministro do STF, Edson Fachin, de rever a competência de quem deveria julgar o ex-presidente Lula nos dois processos em que ele foi condenado - reforma do triplex e compra do sítio de Atibaia - soa como algo meio desproporcional e levanta dúvidas, afinal, se passaram cinco anos desde a condenação para que a Corte entendesse que não era competência da Vara da Justiça Federal de Curitiba sentenciar o réu.
No entendimento de muitas juristas, essa é uma tentativa não de salvar o ex-presidente, até porque essa decisão não é definitiva, Lula não foi inocentado, mas prioritariamente livrar o ex-juiz Sérgio Moro do famoso processo de suspeição das conversas vazadas com promotores da Lava Jato e que o PT vem insistindo em tentar desqualificar o ex-juiz.
A que pese a decisão jurídica do STF, existe ainda um fator político forte que mexe com o cenário pré-eleitoral, pois nem mesmo os petistas acreditavam que Lula pudesse voltar a ser candidato em curto espaço de tempo. De condenado à pré-candidato à Presidência da República terão se passado menos de três anos, o que de fato mostra o quanto as nossas leis são frágeis, ou que nós mesmos a tornamos frágeis para permitir situações como esta. Se houve um erro no transcurso do processo, é lá atrás que ele deveria ter sido corrigido. Não há uma desconfiança quanto a lisura da decisão, pois juridicamente ela parece correta, mas parece terem deixado uma brecha para que o ex-presidente pudesse voltar a disputar uma eleição quando a maioria dos brasileiros o consideravam "morto e enterrado". O fato é que esquerda e direita afinam novamente suas lanças e facas para um novo e extremista embate em 2022, caso essa decisão seja levada adiante, o que nos parece algo bastante plausível no atual cenário político-pandêmico.
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