Numa sociedade minimamente civilizada não se deveria ter um lugar onde se esconde as mulheres para que elas não sejam agredidas e até assassinadas. No Brasil, isto é cada vez mais necessário, pois a violência contra mulheres e crianças é assustadora. A cada oito minutos uma mulher é agredida no Brasil. Vivemos tempos de tensões sociais: autoritarismo, radicalismo, preconceito e exclusão, que se refletem nos relacionamentos familiares. A assinatura do convênio entre a Prefeitura de Gaspar e a ONG Casa das Anas, que protege mulheres e filhos vítimas de violência doméstica, é uma iniciativa elogiável do poder público, porém, deve vir acompanhada de uma reflexão. Por que tivemos de recorrer a este tipo de instituição? O convênio revela o quanto as mulheres da nossa cidade precisam de ajuda, amparo e proteção legal, pois estão vulneráveis, expostas à agressividade diária dos maridos, companheiros, filhos, irmãos, tios e até de vizinhos.

Os números comprovam que não se está exagerando em nada. Em dois meses, 29 mulheres foram vítimas de violência doméstica na cidade. Um dado estarrecedor que transfere o problema para toda a sociedade gasparense. É hora de discutir e buscar soluções que vão além do simples ato de afastar as mulheres de seus agressores e da sociedade. Proteger é importante, porém, fundamental é entender porque diariamente elas precisaram recorrer à força policial para escapar de seus agressores. Aliás, nesta terça-feira, dia em que foi asssinado o convênio com a ONG, a polícia civil informou a prisão de mais um homem que ameaçava sua companheira com uma arma. É preciso dar um basta!