Não fosse trágico, o ato de protesto da classe empresarial do Vale do Itajaí, nesta sexta-feira (6), em Indaial, soaria como uma grande piada. Afinal, inaugurar obra inacabada é atitude de político espertalhão. Todavia, o ato deste 6 de outubro se reveste de uma grande preocupação com o futuro da duplicação da BR-470. A sensação é que o Governo Federal não trata a obra como uma prioridade. Assume essa posição exatamente porque ela é grande e cara. Hoje, se pudesse optar, o presidente Temer rasgaria aquela ordem de serviço dada pelo então ministro dos Transportes, em 2013. 
De lá pra cá, muito coisa mudou. O país mergulhou numa enorme crise econômica, agravada pela crise política que tirou um presidente da sua cadeira. Neste momento de extrema turbulência, o melhor seria recuar, não prometer ao povo do Vale do Itajaí aquilo que certamente o governo federal não poderá cumprir, ou seja, a conclusão da obra dentro do prazo estipulado: 2.022.
Por outro lado, vem aí uma eleição e certamente a obra da BR-470 servirá de munição para os adversários. Por enquanto, o governo mantém a situação em banho-maria, promete R$ 50 milhões para 2018, mas não garante a continuidade após as eleições. Por isso, a vigilância com relação à duplicação da BR-470 precisa ser redobrada, e as campanhas e ações cada vez mais incisivas, para que as promessas de conclusão da obra não se limitem aos discursos ilusórios dos palanques eleitorais de 2018.