A possibilidade das próximas eleições se tornarem a de maior renovação na história política pós-Regime Militar mobilizou deputados e senadores na tentativa de evitar que isso aconteça. O sistema de votos chamado de "Distritão", incluído na Reforma Política, e que vem sendo discutido na Comissão da Câmara, nada mais é do que uma tentativa de manter "velhas raposas" na política, muitas delas investigadas por corrupção.
Tanto é verdade que a proposta partiu do próprio presidente, Michel Temer, cujo governo é atrelado a grupos que dominam o cenário político nacional há várias décadas. O Distritão acabaria, por exemplo, com situações como a de 2010, quando o deputado federal Tiririca - o mais votado do país, com mais de 1,3 milhão de votos - levou com ele para a Câmara dos Deputados outros candidatos desconhecidos e com inexpressiva votação, porém, garantindo a renovação.
Sem o voto na sigla ou na coligação, que caíriam com a aprovação do Distritão, os partidos e suas ideologias ficariam ainda mais enfraquecidos. Candidatos oportunistas, porém com recursos financeiros, poderiam se filiar a partidos "nanicos" e obter facilmente a eleição no formato do voto majoritário, que passaria a valer com a mudança. Isto sem contar que deveremos ter um aumento no número de partidos políticos - hoje já são 28 siglas.
Se o Distritão é uma proposta de Reforma Política, então estamos muito longe da verdadeira transformação que se exige do sistema eleitoral brasileiro. A bem da verdade, a proposta se configura num retrocesso.
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