Vejo todos os dias analistas que nos impingem os rumores e humores dos ministros do Palácio do Planalto sobre a Reforma da Previdência. A cada dia uma novidade, sem nexo com a Previdência, na disseminação da confusão, gerando incertezas, semeando desesperanças e liquidando expectativas e sonhos. Nada dizem ou escrevem sobre a extinção do Ministério da Previdência, uma iniquidade política e uma violência administrativa. Parece que o Ministério foi extinto na Bolívia ou na Belinda, em outro continente. 
Se listássemos as novidades difundidas pelos ministros, com ou sem a concordância do Presidente, a exemplo deles, desconhecedor da matéria, produziríamos um cartapácio de besteiras que massageiam o ego dos "especialistas e analistas em previdência" que nos deixam perplexos com a pobreza dos dados e a indigência mental dos argumentos prós e contra a novela da reforma da previdência.  Quase todos usam as últimas tecnologias de informação com belos gráficos e tabelas, aspas e asteriscos de citações inúteis, uma massa de estatísticas falsas e projeções mentirosas, que enfeitam seus artigos, comentários, notas e "posts" falando do déficit Previdenciário, da bolha demográfica, da idade mínima (possível) e cobrança de todo mundo (impossível!), do aumento da população idosa. Todos são induzidos e seduzidos pelos tais ministros e pelo mercado, tentando convencer os brasileiros que toda miséria, desemprego, queda de bolsa de valores, alta do dólar, quebradeira geral das empresas, índices imensos de analfabetismo, roubos, assaltos, é tudo culpa do aposentado, da previdência social. 
Em nenhum minuto, fazem autocrítica dos erros cometidos nas reformas anteriores, todas elas feitas em nome da sustentabilidade e da estabilidade fiscal, de assegurar o pagamento dos velhinhos, coisa e tal. Cansamos de dizer que a Previdência tem duas pontas: da receita e da despesa. Mas que tais reformas (como a que nos ameaça) foram feitas apenas na despesa.  Cometeram uma das grandes violências contra o fundamento universal principal da Previdência, de que não existe beneficio sem contribuição nem contribuição sem beneficio. Obrigaram os trabalhadores privados que se aposentaram, a contribuir para nada, voltando ao trabalho. Retiraram o pecúlio e se apoderaram das receitas. Deu no que deu. 
Agora querem transformar em pó a desaposentação. Senhores, sem emprego não existe trabalhador, sem trabalhador não há contribuição para Previdência, sem contribuição, em qualquer país, a previdência quebra. Vamos cuidar da educação, da saúde, da segurança, da habitação, dos transportes. Vamos reduzir a taxa de juros, diminuir impostos abusivos, ajustar o Estado às esperanças do nosso povo e o Governo à capacidade de pagamento das despesas. Vamos criar condições para criação de novos empregos, diminuindo os 12 milhões de desempregados.  Para que necessitamos de 513 deputados, 81 senadores, milhares de deputados estaduais e uma montanha de vereadores? Tem município com onze vereadores e a prefeitura com 10 secretarias e não tem verba para pagar um médico, um professor, uma creche. Querem reformar a Previdência, de verdade? Comece pelo Rural. Totalmente deficitário, o Urbano é superavitário. Levem os rurais que não contribuíram, certamente 99% dos 9 mi, para a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Só com isso, vão sobrar R$ 100 bi à Previdência Urbana e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) vai respirar por mais alguns anos.

Paulo César de Souza,
Vice-presidente Executivo  da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social