Catarinenses choram
surpresa mortal
sem palavras
Chapecó calou
ficou enlutada!
Seus heróis brilhantes foram todos... tragicamente!
A equipe da Chapecoense
que brilhava com seu futebol
inesperadamente acabou!
Hoje seu futebol não tem cor
não tem camisa
não tem hino
só luto ficou!
Mães, pais, filhos
terão que suportar
com o coração despedaçado
o que lhes foi roubado inesperadamente...

CULPADOS?
SABEREMOS?
Em Mateus 24 encontraremos conforto: "Vigiai e orai
Estejamos preparados
Não sabemos nem o dia nem a hora".
Neusa Bridon dos Santos Garcia,
poeta Fatalidade

 

Isolamento no trânsito

O dia em que acabarmos com a sensação de isolamento no trânsito alcançaremos os níveis de segurança que tanto desejamos. As pessoas passarão a compreender que não estão sozinhas, reconhecerão o outro, admitirão a sua existência e importância para as complexas relações e interações em via pública. Isso é fático, é real e pode ser constatado pela realidade mais próxima de você. Muitas atitudes das pessoas no trânsito denotam a dimensão do egoísmo, do individualismo e do territorialismo disputado, muitas vezes, a tapa (literalmente), no nosso trânsito. O fato é que muitos motoristas quando se vestem de carro, de moto e de outros veículos sentem-se sós, isolados no trânsito. Ignoram tratar-se de um espaço compartilhado, de muitas interações, socializações e negociações que, quando deixam de ser feitas, resultam em acidentes. O dia em que olharmos e reconhecermos que a nossa vida, inclusive, no trânsito, está ligada e depende do outro, quem sabe, começaremos a alcançar um nível de maturidade mais eficaz e eficiente que todas as campanhas educativas de trânsito juntas. O homem é um ser social, gregário, e por este motivo não vive só, isolado do mundo e das outras pessoas. Sozinho o homem morre e definha, inclusive emocionalmente. Para além da definição do § 1º do artigo 1º do CTB de trânsito como a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,  estacionamento e operação de carga e descarga, trata-se de uma imensa teia de relações tecida pela vida. Essa mesma vida dizimada aos milhares todo ano e que vem transformando as vias públicas em necrotérios a céu aberto. Chamo de genocídio sobre rodas esse fenômeno mundial em que a humanidade dizima a si mesma. O motorista que se veste do veículo que dirige e o incorpora como a segunda pele tende a isolar-se e a "achar" que está sozinho no trânsito. Muitos soltam aquele clichê de que pagou caro pelo veículo, que paga seus impostos, que tem direito disso e daquilo, como se só ele pagasse o próprio carro, moto, ônibus e caminhão, os impostos e seja o único protegido e amparado pela Constituição no capítulo dos Direitos Fundamentais em que o principal é o direito à vida. Tem aquele mais arrogante que diz que o carro é dele, que dirige como quiser, que ninguém tem nada com isso e, muito menos, com o modo como ele dirige. Só que quando esse ser habilitado que pensa que está sozinho no planeta Terra provoca um acidente, ele mobiliza um aparato inteiro do estado para socorrê-lo. Independente do tipo de acidente que provocou, o ermitão do volante acionará uma equipe inteira de agentes de trânsito, de socorristas, médicos, enfermeiros, bombeiros, SAMU, de diferentes tipos de ambulâncias dependendo da gravidade do acidente e do tipo de resgate a ser feito. Ele mobilizará a emergência do hospital, deslocará equipes de enfermagem e de médicos que até então atendiam pacientes que adoeciam de causas naturais. 

Márcia Pontes,
Especialista em Educação no Trânsito