A minha recente passagem na campanha eleitoral por Gaspar, reacendeu o enorme carinho que tenho pela cidade e pelas pessoas que aí vivem. Com isso, mesmo depois de ter retornado à minha cidade natal para dar continuidade aos meus projetos e trabalhos, não deixei de olhar como iria se desenhar a construção do secretariado do novo mandato de Kleber Wan-Dall. Vi alguns nomes que poderia criticar com propriedade caso estivesse vivenciando o município e a política local de perto. Entretanto, me reservei, pois sempre achei que de fora é muito fácil falar. Porém, uma das pastas que me assustou terem colocado alguém de forma interina, ainda mais diante do enorme desafio de retomar as aulas em plena Pandemia de Covid 19, foi a Educação. Só que existe um ditado: "nada está tão ruim, que não possa piorar" e essa semana li a notícia que a pasta foi entregue a um jornalista. Não vou questionar o profissional da comunicação em sua capacidade, mas tento compreender o motivo que o levou a uma das secretarias mais importantes de qualquer governo. Isso porque nos tempos que atuei como jornalista no Jornal Metas lembro da pasta ser gerida por experientes professores. Sou um comunicólogo, hoje atuando no Fotojornalismo e como educador social ministrando aulas de fotografia, além de especialista em História do Brasil e graduando de Licenciatura, por isso sei da complexidade que é a área. Também atuei como fotógrafo por seis anos na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e conheci alguns ocupantes da pasta. Entre eles, a ex-ministra de Fernando Henrique Cardoso, Claudia Costin, que tem formação em administração e economia, mas um vasto currículo na área de Educação e hoje é gestora na Fundação Getúlio Vargas. Por tanto, humildemente posso me atrever a questionar a escolha e dizer que mesmo com a experiência que tenho não me atreveria a assumir tamanha responsabilidade. Não tenho interesse nenhum em criticar o novo ocupante do cargo, apenas nutro um enorme carinho pela cidade Coração do Vale e se não fossem questões familiares já teria voltado para a cidade.  

Conheci bem os secretários Isaura Pereira, Neivaldo da Silva, Marlene Almeida, todos professores, e que fizeram um bom trabalho à frente da Educação gasparense. Falo com propriedade, pois meu filho estudou no CDI Vovó Benta e até hoje cito a excelente experiência que tive. A última secretária, a professora Zilma Benevenutti, não acompanhei seu trabalho de perto, mas a defesa que o candidato a prefeito Rodrigo Althoff, adversário político, fez nas redes sociais, quando a mesma sofreu críticas, me faz ter a certeza que buscou fazer o melhor para a Educação da cidade. Diante do histórico de Gaspar com grandes nomes do magistério à frente da Educação, me assusta ver a pasta na mão de alguém de fora do métier e levanta as perguntas: como os servidores da pasta receberam essa novidade ? E como o vice, Marcelo Brick, reagiu a essa indicação de seu partido fora da aba do seu chapéu ? Pergunto isso, porque apesar de atuarmos em lados distintos da política, o considero um amigo que fiz nessas terras e sei que tem um nome forte para a pasta que conheci quando esteve à frente da FME, além de ser um experiente educador. Falo de Antônio Mercês, que além de ter os requisitos para ser indicado ao cargo, é fiel escudeiro de Brick, tendo inclusive coordenado sua campanha a prefeito em 2016. Com todas essas considerações, a indicação de Emerson Antunes é no mínimo estranha e preocupante. Mas como sempre gosto de parafrasear uma frase concedida a mim em uma entrevista ao Jornal Diário do Litoral de Itajaí, do ex-senador e ex-governador, Leonel Pavan, digo: " Na política boi voa. E boi voa". Por fim, será que os mesmos servidores públicos que serviram para elaborar o Plano de Governo de Kleber Wan-Dall e Marcelo Brick, não poderiam assumir esta importante pasta? Fica o questionamento.

Carlos Erbs Junior -

Jornalista e Fotojornalista - Rio de Janeiro