
A tragédia no Sul e a COP30: o que aprenderemos com eles

-
Rio Grande do Sul (Fotos: divulgação)
Entenda os impactos na saúde, a necessidade de prevenção e a importância da saúde planetária, segundo especialistas
O Rio Grande do Sul vivenciou a maior tragédia climática da sua história entre abril e maio do ano passado. Porto Alegre e cidades próximas ficaram embaixo d’água por semanas. Quase quinhentos mil domicílios foram atingidos diretamente pelas enchentes e deslizamentos em todo o estado. Pessoas e animais estavam perdidos, sem saber o que, como e para onde recorrer em meio a uma catástrofe que ficará marcada na memória do país, nas vidas de quem a enfrentou, indo muito além das marcas de destruição que até hoje se perpetuam nas paredes.
O aumento da temperatura da Terra causa impactos na saúde em pessoas de todas as idades, mas idosos, crianças, gestantes e pessoas em situações de vulnerabilidade social e econômica são as mais afetadas. Contaminação do solo, água e ar, insegurança alimentar e nutricional estão ligadas diretamente ao aumento de doenças.
Entre elas, manifestações de problemas respiratórios, cardiovasculares, de saúde mental e a proliferação de vírus e da multiplicação de insetos transmissores de doenças como o Aedes aegypti, conforme indicam publicações do The Lancet e do The New England Journal of Medicine, duas das mais prestigiadas e reconhecidas fontes de evidências médicas no mundo.
Muito mais que a categoria médica estar preparada para atender as demandas clínicas e de saúde mental que grandes desastres climáticos causam, espera-se foco na prevenção. Nós, Médicas e Médicos de Família e Comunidade, temos aprofundado as discussões sobre a Saúde Planetária, atuando na conscientização de que a saúde do planeta anda de mãos dadas com a saúde e os modos de vida das pessoas. Elas são interdependentes. No contexto em que vivemos, é impossível falar de saúde, sem atrelar a preservação ambiental que precisa ser pauta urgente em todas as frentes políticas, civis e sociais, como uma questão de sobrevivência.
Eventos importantes para discussão como a COP30, que acontecerá este ano no Brasil, são oportunidades de chamar a atenção a respeito dessa urgência em frear a degradação do planeta, com divulgação de dados atualizados e do status que estamos, projetando aonde iremos e o que enfrentaremos nos próximos anos.
Cabe a nós manter um estado de alerta e, como cidadãos, exercermos papéis individuais e coletivos na busca de frear o aumento da temperatura e da poluição do planeta com a adoção de um padrão de consumo e modos de vida mais sustentáveis, além de cobrar ações efetivas de responsabilidade ambiental por parte de empresas e governos.
Dessa forma, estaremos contribuindo para que notícias como a que abalou o Brasil entre abril e maio de 2024, fiquem apenas nos registros históricos e não mais como marcas na vida de pessoas afetadas por novas tragédias.
Ricardo Heinzelmann
Médico de família e comunidade, omunidade, Diretor de Exercício Profissional da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC),
Tags
- aquecimento global
- Desastres Naturais
- Enchentes RS
- Impactos na Saúde
- meio ambiente
- Mudanças Climáticas
- Prevenção
- Rio Grande do Sul
- Saúde Planetária
- Saúde Pública
- Sustentabilidade
- Transtornos Climáticos
Deixe seu comentário