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HOMENAGEM

Sérgio "do Sacolão" vai deixar saudades

Por Alexandre Melo

 Publicado 11/05/2024 22:23  – Atualizado 11/05/2024 22:35

  • Sérgio amava a profissão que escolheu (Fotos: FOTO: ARQUIVO PESSOAL)

Amigo e parceiro, Célio Dellabeneta relembra os quase dez anos da parceria

Uma fatalidade interrompeu uma parceria de cerca de 9 anos. Sérgio Kons, 34 anos, mais conhecido como Sérgio “do Sacolão”, faleceu num acidente no último dia 27 de abril, justamente fazendo aquilo que mais gostava: carregar o seu caminhão com verduras, legumes e frutas fresquinhas, que eram colhidas na propriedade da família, em Antônio Carlos, distante 35km de Florianópolis.

Sérgio era sempre muito atencioso com os clientes

Sérgio era sempre muito atencioso com os clientes
FOTO DIVULGAÇÃO

Três vezes por semana, o destino de Sérgio era a cidade de Gaspar, onde se encontrava com Célio Luís Dellabeneta. Juntos, eles vendiam os produtos às terças-feiras na feira do bairro Santa Terezinha (no pátio da capela) e às quintas-feiras e sábados na comunidade São João Batista, na conhecida Rua do Beco,
no Gasparinho. Sérgio comercializava verduras, legumes e frutas e Célio produtos coloniais, tis como
pães, geleias, queijos, linguiças, defumados, o tradicional “queijinho”, doces e filé de tilápia.
“Éramos mais do que parceiros, éramos irmãos. Infelizmente uma fatalidade tirou a vida do Serginho”, lamenta o amigo. Os dois se conheceram em 2014. Nessa época, Sérgio já vendia seus produtos na feira da Comunidade São João Batista e Célio no espaço da Prefeitura, na entrada do bairro Sete de Setembro. Sérgio convidou Célio a dividir espaço na banca do Gasparinho. Duas semanas depois, foi a vez de Célio retribuir a gentileza e convidou o amigo a dividir a banca no espaço da Prefeitura.
Nascia ali mais do que uma parceira de negócios, uma grande amizade. Havia muita empatia entre
os dois agricultores e suas famílias. “Eu e o Sérgio sempre nos preocupamos em levar às pessoas produtos de qualidade. A gente sabe que não é fácil disputar espaço com grandes mercados, mas fazíamos o melhor, com muita dedicação, dentro da nossa realidade”, relembra Célio.

A equipe do sacolão

A equipe do sacolão
FOTO DIVULGAÇÃO

E fazer o melhor não era simplesmente colocar na mesa dos gasparenses legumes, frutas e produtos coloniais. Célio e Sérgio criaram um círculo de amizade e confiança com os clientes, a maioria eles conheciam pelo nome. As três feiras eram sempre muito aguardadas. Célio diz que o amigo e
parceiro vai fazer muita falta. “Muitos planos, negócios, passeios, encontros e risadas ficaram pelo caminho”, lamenta. Em homenagem a Sérgio, que tanto amava o que fazia, Célio diz que o projeto feiras não vai parar até porque as famílias e muitas outras pessoas dependem do negócio. “Vamos dar continuidade a tudo”, afirma. O agricultor aproveita para agradecer em nome das famílias e toda a
equipe do sacolão e de outros amigos e parceiros pelas milhares de mensagens de carinho enviadas por
ocasião da morte de Sérgio. “É isso que nos faz acreditar cada dia no nosso trabalho e a certeza de que podemos contar com a comunidade”, finaliza o agricultor.

As frutas e hortaliças eram trazidas de Antônio Carlos, onde Sérgio plantava

As frutas e hortaliças eram trazidas de Antônio Carlos, onde Sérgio plantava
foto: divulgação
Experiência de mais de 25 anos

Um dos motivos do sucesso da parceria entre Célio e Sérgio é a experiência acumulada, afinal, são mais de 25 anos comercializando hortaliças, legumes furtas e produtos coloniais nas feiras de Gaspar. Sérgio começou ainda criança, em Antônio Carlos, ajudando os pais, Celso e Irma, no plantio e colheita dos alimentos.

Produtos sempre fresquinhos são oferecidos aos clientes

Produtos sempre fresquinhos são oferecidos aos clientes
foto: divulgação

A família planta e colhe alface, salsinha, chuchu, rúcula, agrião, couve-flor, brocólis, aipim, rabanete, gengibre, entre outros produtos. Para trazer os alimentos fresquinhos a Gaspar, a jornada de Sérgio e da família não era fácil. Ele saía de Antônio Carlos às 23h para chegar em Gaspar por volta das 2h da madrugada do dia seguinte. Em cerca de três horas ele precisava deixar tudo pronto, pois às 5h já iniciava a feira. A preparação para a viagem começava ainda na manhã do dia anterior, com a colheita dos produtos e a ida à Central de Abastecimentos de Santa Catarina (Ceasa), onde agricultor adquiria os produtos que não plantava. “Nossas horas de sono são reduzidas, mas vale a pena o esforço. Há clientes que esperam ansiosamente para ir à feirinha”, contou Sérgio em reportagem publicada no Jornal Metas em 2017. Enquanto vendia os produtos em Gaspar, seu pai e o irmão, Ivonício, faziam feira em Florianópolis, que agora vai deixar de acontecer porque a família decidiu manter as três feiras de Gaspar.

Queijos, natas, presuntos e outros produtos coloniais que são vendidos na banca do sacolão

Queijos, natas, presuntos e outros produtos coloniais que são vendidos na banca do sacolão
FOTO: DIVULGAÇÃO

O acidente

O acidente que tirou a vida de Sérgio aconteceu na noite de sexta-feira, dia 26 de abril Ele havia
acabado de carregar o caminhão na propriedade da família, para vir a Gaspar fazer mais uma
feira na manhã de sábado. O veículo, porém, teve um problema no freio e começou a se movimentar numa descida. Sérgio tentou entrar na cabine do caminhão para frear o veículo, mas não conseguiu. Ele acabou prensado contra um moerão. Com graves ferimentos, o agricultor acabou falecendo ainda no local. Sérgio deixou a esposa, Marisa, e dois filhos.

  • A equipe do sacolão (FOTO DIVULGAÇÃO)

  • Sérgio era sempre muito atencioso com os clientes (FOTO DIVULGAÇÃO)

  • Queijos, natas, presuntos e outros produtos coloniais que são vendidos na banca do sacolão (FOTO: DIVULGAÇÃO)

  • Produtos sempre fresquinhos são oferecidos aos clientes (foto: divulgação)

  • As frutas e hortaliças eram trazidas de Antônio Carlos, onde Sérgio plantava (foto: divulgação)

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