No estado vizinho, três pessoas morreram em função do temporal desta madrugada
O Rio Grande do Sul e o Oeste de Santa Catarina vivem momentos de muita tensão devido a passagem de um ciclone na madrugada desta quinta-feira (8). O estado vizinho sofreu muitos prejuízos com casas derrubadas ou destelhadas, estradas bloqueadas, quedas de postes, árvores, além de perdas significativas nas lavouras. As regiões mais afetadas são Serra, Vale do Caí, Vale do Sinos e Região Metropolitana. Três mortes estão confirmadas, e uma quarta pessoa está desaparecida. Milhares de residências estão sem energia elétrica e os municípios da região começam a decretar estado de emergência. O governador gaúcho, Ivo Sartori, encontra-se em viagem ao Japão.
Em Liberato Salzano foi confirmada uma morte. Um jovem de 17 anos foi atingido por um raio. Em Porto Alegre uma residência desabou após deslizamento. O Corpo de Bombeiros procura uma possível vítima nos escombros. Uma pessoa já foi retirada com vida. Há a confirmação de 75mm de chuva em um período de 12 horas, metade do previsto para o mês inteiro.
Em Caxias do Sul, uma idosa de 79 anos morreu, mas não houve confirmação da causa da morte. Aproximadamente 100 residências foram afetadas na localidade de Vila Oliva, onde foi registrada a terceira vítima. A ligação rodoviária entre Gramado e Canela está interrompida em função da queda de postes. Árvores também foram arrancadas pela força do vento nas duas cidades. A Rota do Sol - Capão da Canoa/Caxias do Sul - está totalmente bloqueada no quilômetro 63 devido ao grande volume de chuva e danos nas duas pistas.
Em Guaporé, os ventos e o granizo provocaram enxurradas que desalojaram 15 famílias. A prefeitura deve decretar situação de emergência. Deslizamentos de terra e destelhamentos de muitas residências ocorreram em Veranópolis, além de vias urbanas interrompidas por quedas de postes. O Corpo de Bombeiros local registrou mais de 200 chamados nas primeiras horas da manhã.
A Defesa Civil do RS segue em estado de alerta, com o monitoramento das coordenadorias regionais em conjunto com os municípios e oferecendo toda a ajuda necessária aos órgãos de segurança das localidades afetadas.
Santa Catarina
O vento forte a chuva também provocaram estragos no Oeste e Extremo-Oeste de Santa Catarina. Na região do Alto Uruguai, de acordo com o Jornal Folha Sete de Seara, milhares de consumidores estão sem energia elétrica. Em Seara, dezenas de residências também estão sem luz desde a manhã desta quinta-feira, e há informações sobre queda de granizo em comunidades rurais do município.
Árvores caíram em vários pontos da rodovia SC-283, deixando o trânsito em meia pista entre Concórdia e Chapecó. A barragem de Itá está com as comportas abertas em função da chuva. Para se ter uma ideia, no mês de maio choveu o acumulado de 450 milímetros na região do Alto Uruguai, só na última semana já foram mais de 350 milímetros, um recorde dos últimos 25 anos.Em São José do Cerrito, a BR-282 está interditada em função da queda de barreira.
Em São Miguel do Oeste, no Extremo-Oeste, a força do vento deixou um rastro de destruição. No mínimo, 100 casas foram destelhadas. Alem disso, de acordo com informações do Jornal Folha do Oeste, existem muitos galhos caídos pelas ruas da cidade e regiões com corte no fornecimento de energia elétrica.
De acordo com o Tenente do 12º BBM de São Miguel do Oeste, Michael Magrini, o Batalhão começou a receber chamados por volta das 4h da manhã que informavam problemas no município de Itapiranga.
Segundo Magrini, a equipe trabalha empenhada no socorro às famílias que foram afetadas pelo vendaval. Na cidade, os bairros mais atingidos são Sagrado Coração de Jesus, Salete, Andreatta e São Gotardo. O vendaval não deixou vítimas, apenas prejuízos materiais.
Outras cidades do Oeste também foram atingidas. Em Descanso, a Defesa Civil Estadual distribuiu sete rolos de lonas para auxiliar os afetados, enquanto em Tangará, no Meio-Oeste, a Defesa Civil precisou remover três famílias que estavam em área de risco de deslizamento de terra.
Sul do Estado também sofre perdas
O Litoral Sul de Santa Catarina também foi afetado pela chuva. Em Jaguaruna, de acordo com dados coletados pela Unidade Meteorológica instalada no campo experimental da Epagri, choveu aproximadamente 258 milímetros nos últimos 10 dias. "Isto é mais que a média dos meses de junho de julho", afirmou o engenheiro agrônomo da Epagri, Emerson Evald.
O Jornal Folha Regional, da cidade de Jaguaruna, também informa que Ponte da Jabuticabeira foi interditada, ruas estão bloqueadas e a agricultura também foi prejudicada com a chuva e os ventos da madrugada. De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, em virtude dos altos volumes de chuva registrados nos últimos dias há risco para deslizamentos de terra em todas as regiões, especialmente no Oeste, Meio Oeste, Vale do Itajaí, Litoral Sul e Grande Florianópolis. Há também o alerta para risco de inundações em diversos rios e para todas as bacias do litoral Sul.
O Rio Sangão, que corta o centro de Jaguaruna, preocupa agricultores e pecuaristas pelo nível bastante elevado que vem apresentando nos últimos dias. Segundo o secretário da Agricultura, Tiago Garcia, medidas paliativas estão sendo tomadas. "Estamos monitorando o rio, fazendo a limpeza em alguns pontos estratégicos, como nas comportas e próximo à ponte de Jabuticabeira. Algo temporário para amenizar a situação, até que as chuvas cessem e consigamos fazer um trabalho mais intenso", explicou.
Com as cheias, algumas lavouras tendem a sofrer prejuízos. O feijão safrinha é o mais afetado, pois é tempo de colheita e com as fortes chuvas a tendência é que haja 100% de perda. Alguns agricultores também poderão sofrer com atrasos na cultura da mandioca, pois a colheita fica comprometida. "Se o tempo não colaborar, pode haver ainda mais problemas", ponderou o engenheiro agrônomo da Epagri, lembrando que a pecuária também poderá sofrer com a chuva. "Uma chuva dessa intensidade, no início do inverno, pode afetar as pastagens, pois o pasto está brotando e com solo encharcado o gado acaba pisando na planta, comprometendo o crescimento. Quem cultiva milho para silagem a fim de alimentar os animais também poderá sofrer perdas", salientou Evald.
Os balneários e as estradas do município de Jaguaruna também foram bastante afetados pelas chuvas. Pelo interior, pontes e estradas vicinais estão intransitáveis. De acordo com o diretor de Obras, Eraldo Goulart, medidas emergenciais estão sendo tomadas. "Estamos trabalhando nos locais mais críticos, fazendo uma operação tapa buracos, onde os carros não conseguem transitar. Assim que a chuva parar, nós iremos realizar a manutenção nas estradas. Pedimos que as pessoas tenham um pouco de paciência".
Chuva no Vale do Itajaí
A previsão para esta quinta deixa a Defesa Civil ainda mais em alerta, pois indica chuva de intensidade moderada a forte do Oeste ao Litoral Sul no decorrer do dia e, nas demais regiões, para os períodos da tarde e noite. Há, ainda, risco de temporais isolados. A temperatura permanece amena, declinando à noite.
A chuva deve chegar ao Vale do Itajaí somente no final desta quinta-feira (8),porém, com intensidade mais fraca. Neste momento não chove no Vale do Itajaí, inclusive com o aparecimento de sol entre nuvens em Gaspar, porém a Epagri/Ciram segue alertando para risco de temporais localizados e granizo. A previsão do acumulado de chuva para o Vale do Itajaí nas próximas horas é de 20 a 30 mm e pontuais de 40 mm. Já para a sexta-feira (9), a meteorologista Gilsânia Cruz, diz que o tempo vai firmar e o sol deve reaparecer com mais intensidade. A massa de ar frio ganha força e a temperatura entra em declínio, podendo até nevar em áreas do Planalto Serrano no final de semana.
Desde o dia 26 de maio chove em praticamente todo o Estado de Santa Catarina. Já são quase 30 milatingidos em 91 municípios, com 21.631 desalojados, 2.667 desabrigados e 8.886 residências que sofreram danos, de acordo com o último boletim da Defesa Civil. O secretário de Estado da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, pede para que a população continue acompanhando a previsão do tempo e alertas da Defesa Civil. Ele reforça para que as pessoas fiquem atentas a qualquer sinal de deslizamentos,como por exemplo, rachaduras e inclinação de postes. Neste caso, deve-se acionar imediatamente a Defesa Civil pelo número 199 ou Corpo de Bombeiros do município, no telefone de emergência 193. Em Gaspar, a Defesa Civil segue de plantão no QG montado na sede da Prefeitura, no centro da cidade. O telefone para informações é (47) 3331-6390.
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