Este ano, até 16 de outubro, 193 casos já haviam sido registrados no Estado.

Após as enchentes que atingiram Santa Catarina no início do mês de outubro, além da destruição deixada pela água, outra preocupação são com as doenças que podem ser disseminadas em contato com a água contaminada, como é o caso da leptospirose, doença infecciosa febril aguda transmitida pela exposição direta ou indireta a urina de animais, principalmente ratos, infectados pela bactéria Leptospira. 

Apenas este ano, até 16 de outubro, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), já havia registrado 193 casos da doença e oito óbitos. Durante todo o ano passado, por exemplo, foram registrados 194 casos e 13 óbitos. A médica infectologista da Dive, Ligia Castellon Figueiredo Gryninger, explica que a bactéria penetra no corpo através de machucados e, até mesmo, da pele sadia quando a pessoa fica muito tempo dentro da água. "Por isso, o risco é maior em épocas de enchentes e alagamentos", destaca. 

Os sintomas iniciais da doença podem ser semelhantes aos da gripe, começando de forma abrupta, com febre alta, dor de cabeça, mal-estar e muitas dores no corpo. Um sintoma bastante característico é uma forte dor nas panturrilhas (batata da perna). A médica também destaca que a doença pode levar a morte. "A leptospirose pode evoluir para quadros graves, com aparecimento de icterícia, que é quando a pele fica com um tom amarelo-avermelhado. Os sangramentos podem aparecer na fase mais avançada, com dificuldade respiratória e pode levar a óbito”, alerta.

Por isso, é importante que as pessoas que foram afetadas pelas chuvas intensas das últimas semanas, evitem o contato com a água de enchentes, utilizando luvas, botas, roupas impermeáveis ou mesmo sacos plásticos quando os equipamentos de proteção não estiverem disponíveis.

A população também precisa ficar atenta ao período de incubação da doença, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas. Esse período pode variar entre um e 30 dias após a exposição a situações de risco. Na presença dos sintomas, a unidade de saúde deve procurada imediatamente, lembrando sobre a necessidade de relatar ao profissional o contato com a água ou lama proveniente das enchentes.

Acidente com animais peçonhentos

Outro cuidado que as pessoas devem ter é, no período em que as águas estão baixando, na hora de retornando para suas residências e iniciar a limpeza do local, com retirada de possíveis entulhos, é preciso que a população fique atenta  ao aparecimento de animais peçonhentos, como cobras e aranhas para evitar acidentes com estes animais. 

Medidas de prevenção:

  • Evite contato com água ou lama de enchentes e não deixe que crianças brinquem no local;
  • Use botas e luvas quando trabalhar em áreas com água possivelmente contaminada, como é o caso de alagamentos. Se isso não for possível, use sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés;
  • Quando as águas baixarem é necessário retirar a lama e desinfetar as casas, sempre se protegendo com luvas e botas. O chão, paredes e objetos devem ser lavados e desinfetados com água sanitária (Hipoclorito de Sódio 2,5%), na proporção de dois copos (200 ml cada) do produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos;
  • Jogue fora alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água dos alagamentos;
  • Lembre-se que serpentes, aranhas e escorpiões podem estar em qualquer lugar da casa, principalmente em locais escuros. Nunca coloque as mãos em buracos ou frestas. Use ferramentas como enxadas, cabos de vassoura e pedaços compridos de madeira para mexer nos móveis. Bata os colchões antes de usar e sacuda cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis;
  • Em caso de encontrar animais peçonhentos dentro da residência, afaste-se lentamente, sem assustá-los. E nunca pegue com as mãos animais peçonhentos, mesmo que pareçam estar mortos.

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