Automação vai atingir, principalmente, empregos menos qualificados, disse presidente da Fiesc

Estudos indicam que, até 2060, todas as atividades profissionais humanas poderiam ser substituídas por máquinas. Segundo especialistas, a pesquisa divulgada pelo portal americano Business Insider é exagerada, mas é inegável que a automação criará impactos no mercado de trabalho e na vida das pessoas de forma importante. No Brasil, calcula-se que 45% dos postos de trabalho hoje já poderiam ser automatizados.

"É nosso papel encontrar o ponto de equilíbrio", diz o presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Leonardo Gadelha. Isto porque, o avanço da tecnologia sobre os postos de trabalho vai gerar desemprego e necessidade de readequação de profissionais no mercado de trabalho. Pesquisa da Mackenzie estima que 7 milhões de empregos sejam extintos no mundo até 2020 devido à automação.

O desafio é aliar crescimento à empregabilidade. Gadelha afirma que o ganho de produtividade é evidente quando o trabalho é automatizado: o preço cai, produtos são mais diversificados e acessíveis ao consumidor. Mas, por outro lado, é preciso encontrar a nova cara do trabalhador moderno.

Segundo Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), a automação vai atingir, principalmente, empregos menos qualificados. Para ele, o profissional do futuro será aquele que tiver pensamento crítico, habilidade na resolução de problemas, em análise de informações, etc. Indústria é o setor com maior índice de automação.

Os empresários ainda buscam entender quais os reflexos que a automação trará no mercado de trabalho e na Previdência Social, já que as pessoas têm ficado mais velhas e com menos filhos. Em Santa Catarina, a expectativa de vida atingiu 79 anos, e este índice será alcançado no Brasil até 2030. Por outro lado, o país não tem atingido a taxa de reposição de habitantes.

A maior conquista da saúde é a longevidade, diz Côrte. Estima-se que em 2030 sejam gastos algo entre 20% e 25% do PIB nacional somente em saúde e que a economia da longevidade gire, no planeta, mais de 7 trilhões de dólares. "O aumento da expectativa de vida é um fenômeno mundial", completa.

Gadelha defende a Reforma da Previdência, proposta pelo Governo Federal em dezembro de 2016 e ainda sem trâmite no legislativo. Ele reafirmou o déficit nas contas do INSS, "apesar daqueles que não acreditam" e falou que é preciso cobrar daqueles que devem à Previdência. Para ele, o fenômeno da longevidade, aliado à pequena entrada de jovens no mercado de trabalho, tornam inviável o modelo atual de aposentadoria para os próximos anos.

"A gente já fez essa discussão", disse o presidente do INSS sobre o avanço da automação, lembrando o episódio dos frentistas. Pela legislação, é necessária a presença de um funcionário para abastecer o automóvel, diferente de outros países, onde o motorista desempenha este papel. Para Gadelha, a medida preservou empregos, mas gerou um custo extra no combustível.